Em entrevista ao UOL, o ministro Fábio Faria, disse que o Ministério das Comunicações pretende interferir na operação das teles móveis, que andam mostrando aos seus usuários a experiência 5G DSS.
Essa tecnologia não é a proposta da Anatel em seu edital de leilão da frequência que está sob análise do Tribunal de Contas da União. O governo quer no país o 5G standalone, cuja a velocidade de conexão pode ultrapassar 100 vezes ao da atual 4G, segundo o ministro.
Embora Fabio Faria deixe claro que pretende interferir para evitar a confusão de tecnologias, o que é bom para o usuário, as operadoras, entretanto, não estão sendo desonestas em suas propagandas do 5G DSS.
A Claro, VIVO e TIM estão anunciando a tecnologia DSS, mas com a ressalva de que ela é uma evolução do 4G e o primeiro estágio para a implantação do 5G pleno.
É uma discussão polêmica, pois aparentemente o ministro se esquece de envolver nela os fabricantes que, em instância final, são os responsáveis pela produção de aparelhos capazes de captar o sinal 5G DSS.
5G no Brasil
Toda a discussão da implantação do 5G no Brasil reside num tema: preço.
As teles não são santas, estão instalando antenas capazes de emitir o sinal do 5G DSS, porque as três operadoras têm interesse em trabalhar com as duas “versões”. Tudo por uma questão comercial: paga pelo “5G Ferrari” quem puder e fica com o “4G melhorado” aqueles que não disponham de renda, principalmente no interior do Brasil. Isso já ocorreu no 4G, em que as empresas investiram no sinal nos locais levando em conta a renda do brasileiro.
O problema foi que as operadoras por anos venderam pacotes 4G, mais caros, e o usuário, a depender da localidade, mesmo nos grandes centros, não recebia o sinal contratado. Essa é a questão agora do 5G, em que o governo optou por ter o sinal pleno, para o usuário realmente gozar de todos os benefícios da tecnologia.
E tem razão em diversos aspectos. O 5G standalone traz um mundo de possibilidades na Internet. Por exemplo, nos campos da medicina, do agronegócio e do transporte público trará benefícios imensuráveis. Mas isso depende de o sinal não oscilar ou ficar intermitente. O 5G DSS já deu provas de falhas no sinal o que pode, por exemplo, comprometer até a vida de um paciente que esteja sendo operado remotamente.
Mas é preciso ficar claro que não há nenhuma ilegalidade da parte das operadoras ao mostrar o 5G DSS, enquanto o TCU não bate o martelo com relação ao edital do leilão das frequências do 5G.
Na entrevista ao UOL chegou a ser sugerido isso e o ministro, embora tenha negado, não foi incisivo sobre essa questão. Nem tampouco foi claro sobre que poderes legais teria para impedir os testes de sinais das operadoras, enquanto o TCU não fecha questão.