Por Daigo Azuka* – A segurança no desktop das empresas é algo que deve se tornar cada vez mais motivo de preocupação, afinal, ninguém quer pagar para resgatar dados vitais da empresa, ou ser notícia de que teve os dados dos clientes vazados.
O uso de antivírus, firewall e outras ferramentas de segurança tornaram-se vitais, porém com um complicado custo: o elevado consumo de memória RAM e processador.
Isso tem reforçado a antiga pergunta: é possível usar outro sistema operacional, que não consuma tantos recursos só para iniciar, traga uma camada extra de segurança, não me force a reaprender a usar o computador e não custe caro?
A resposta parece ser simples: o uso de uma distribuição Linux.
Mas então surgem algumas outras perguntas, sendo as 2 principais:
- No mar de ofertas, como definir qual é a mais indicada?
- Vou conseguir rodar os programas de minha empresa?
São perguntas fundamentais, pois a necessidade de suporte, treinamento, mesmo que básico, além é claro de conseguir reduzir ao máximo a curva de adaptação da equipe de funcionários, garante que a mudança não gerará perda de produtividade.
A resposta a segunda pergunta é relativamente simples: muitos ainda não perceberam, mas boa parte dos programas que usa no dia a dia, como ERP, agenda, CRM, estão todos no navegador. Ou seja: pouco importa o sistema operacional!
Com a computação em nuvem, é possível transferir programas que ainda são no modelo “desktop” e acessá-los de qualquer sistema operacional.
Mas a mais complicada das dúvidas é: no mar de opções, qual escolher e o principal: como conseguir suporte?
Em nível de Brasil, temos o TigerOS.
Surgido no ano de 2007, o TigerOS foi concebido com um padrão visual denominado win-like, resultando na semelhança na disposição de diversos componentes, como é o caso do menu de programas, além das pastas no gerenciador de arquivos. Tudo pensado de uma maneira que reduza ao máximo a curva de adaptação de quem já está acostumado com o Windows.
Diferente de outras distros Linux, do Windows ou mesmo do Mac, o TigerOS é um sistema bastante enxuto vindo com quase nenhum pré-instalado, o que não só resulta na ausência de programas que raramente serão usados por um setor, além é claro, de economizar espaço pós instalação.
Quando se inicia o sistema pela primeira vez, você recebe a informação de que existem videoaulas sobre o uso basica do sistema, indo desde a conexão com a internet, como pesquisar e instalar programas.
Inclusive, no site oficial pode encontrar essas e algumas outras aulas básicas.
O painel de boas-vindas, que aparece logo ao iniciar o sistema, oferece muitas opções interessantes, como mudar a cor base do sistema e das pastas, dividido em 6 cores. Além de oferecer a procura e instalação de drivers, principalmente de vídeo.
O que chama atenção nessa primeira parte, é a sugestão de instalar um antivírus, pois embora no Linux a questão de segurança seja algo basico, a chance de se compartilhar um arquivo infectado com o outro sistema é real. Então a instalação do Clamav pode garantir a redução de problemas relacionados a pragas digitais.
Aliás, tudo nesse painel de boas-vindas, como a central de programas, baseia-se no sistema de instalar o que deseja com apenas 1 clique + senha de admin.
Em seguida, temos a sugestão de 5 pacotes Office, que embora apenas 3 deles sejam instaláveis, sendo que o Office 365 e o Gdocs são online. Logo, quando se tem a assinatura de qualquer um, não existem limitações de uso quanto ao sistema.
Para quem trabalha com edição de áudio e vídeo, e necessita dos mais variados codecs, pode instalá-los via ferramenta específica para isso, sem precisar gastar tempo procurando.
Para aqueles que sempre reclamam das atualizações do Windows, no momento em que manda a máquina desligar, sendo surpreendido pelo aviso, no TigerOS a informação de necessidade de atualização é feita na hora da inicialização, de forma gráfica, o que permite não só adiar o processo, mas também, não atrapalha o uso da máquina.
Como dito antes, a computação em nuvem permite tornar os principais programas independentes do sistema operacional, mas claro, isso não significa que tudo precisa funcionar dessa forma, até porque os gastos seriam bem maiores. Existem mais de 55 mil programas que rodam de maneira nativa no TigerOS, todos gratuitos e sem propaganda e, também, instaláveis com apenas 1 clique.
A central de programas é bastante intuitiva, pois separa tudo em categorias, facilitando a pesquisa, Como cada programa exibe prints, fica mais fácil decidir por ele, ou não.
Na sessão de aulas do site, tem-se os passos para usar essa central e outra opções.
Configurar o sistema também é bastante simples, pois o painel de controle possui opções para se fazer ajustes minuciosos, indo desde o monitor, mouse e teclado, como também, seu usuário, grupos, energia e muitos outros.
No site estão nada menos que 3 aulas mostrando algumas sessões desse painel.
O TigerOS conta com uma derivação chamada Studio, com uma coletânea de programas para quem trabalha com edição de áudio, vídeo e imagens.
Digno de nota é que essa derivação conta com uma identidade visual própria, além de um kernel específico para esse tipo de trabalho. Tem-se também a informação de que logo serão lançadas outra derivações, com foco em segurança, educação e um para prefeituras, com o ERP e-cidade pré-instalado.
A equipe do sistema trabalha para fazer parceria com ONGs, liceus de ofício, para que incluam a opção de aulas básicas do sistema, para facilitar que cada vez mais pessoas aprendam a usá-lo, o que facilitará para que empresas consigam contratar pessoas que já saibam como usá-lo.
Sem contar o contato que vem sendo feito com universidades, para que os cursos de tecnologia ensinem sobre Linux, tendo a distro como base.
Comentar todos os detalhes de um sistema tão completo é até complicado, extenso inclusive. Então o que podemos recomendar é que se faça o download da distro, e a teste, seja via live pendrive ou mesmo, máquina virtual. No site oficial existem vídeos mostrando passo a passo de como instalar o sistema e diversas dicas de pós-instalação.
Vivemos um momento especial, em que o Linux pode conquistar o desktop, trazendo mais segurança e evitando a atualização do parque de hardware de uma empresa, ainda mais com o atual elevado custo de uma máquina nova.
*Daigo Asuka – Apresentador na Mestres em Linux.