O GT de Ciência e Tecnologia detectou após reunião com a diretoria da Dataprev (a primeira) realizada na semana passada, que a estatal tem em caixa algo em torno de R$ 1,2 bilhão em dinheiro represado de investimentos que não vinha utilizando ao longo dos últimos anos. E se este governo tivesse continuado no ano que vem, certamente esses recursos seriam transferidos para o comprador da empresa, numa eventual privatização prevista para março de 2023 (mas que será cancelada pelo governo que entra). Um maravilhoso bônus escamoteado da opinião pública.
A avaliação foi feita pelos técnicos da Transição que participaram da reunião, ao tratarem da questão dos investimentos feitos pelo Governo Bolsonaro nos últimos anos dentro da estatal.
A primeira constatação veio do volume de investimentos. No Governo Bolsonaro houve uma queda nessa conta, que normalmente a cada ano era apresentada como previsão num montante de entorno de R$ 250 milhões. Nesse ano, por exemplo, o volume de recursos previstos para investimentos caiu para apenas R$ 80 milhões.
Mas ficou claro para a equipe de transição que, nem baixando essa meta, a Dataprev conseguiu aplicar a totalidade dos recursos. No questionamento à diretoria, a informação dada de boca (todos esses números ainda serão avaliados no papel) foi que no orçamento de R$ 80 milhões previsto 2022, apenas 60% foi executado pela estatal. Ou seja, mais uma sobra de caixa que engordaria a empresa para a futura venda no ano que vem.
O GT aguarda os relatórios para comprovar tudo o que foi dito, já que esse represamento não ocorreu apenas no Governo Bolsonaro. Mas saiu da Dataprev acreditando piamente que a empresa seria vendida em 2023 até mesmo com esse lucro não computado claramente pelo governo.
*Há ainda uma questão não respondida pela Transição. Se havia esse represamento na Dataprev, porque não ocorreria a mesma coisa também com o Serpro? As duas estaiais são independentes, portanto aquilo que não gastassem em investimentos ficaria no caixa delas, não seria devolvido ao Tesouro Nacional.