Todos de olho na educação conectada

À medida em que avançam as discussões sobre conectividade das escolas no governo, só se tem uma certeza neste momento com relação à futura “Estratégia Nacional de Educação Conectada”:

Vai dar merda.

É muita gente palpitando numa política pública governamental sem nem ter a devida credencial para estar lá. Também temos gente que deveria constar nessa discussão, mas foi escanteada por não fazer parte da “tchurma”.

Falam descaradamente que são “transparentes” nos trabalhos de formulação dessa política. Não são.

O que se tem visto é um festival de informação desencontrada, com cada um tentando atrapalhar a presença do outro. Quem está de fora assistindo, só consegue enxergar que há interesses econômicos e políticos que ainda não foram confessados.

Não há um só registro dessas “reuniões públicas” no YouTube, nas páginas oficiais dos principais agentes desse processo. O que vem sendo discutido no máximo é relatado depois em “Atas”, que sempre tornam-se públicas com a defasagem de um mês ou mais e não retratam claramente o teor das discussões internas. Porque passam por um “filtro político” sobre o que foi conversado e o que o público deve saber.

Já houve até recomendações para membros desses fóruns de discussões sobre educação conectada não falarem com jornalistas durante o processo de debate de uma série de ideias, algumas nitidamente estapafúrdias e que mereciam uma investigação mais profunda da imprensa, sobre o porquê de terem sido tradadas nesses encontros. A orientação é: “falem com o chefe”, antes de falar com o jornalista, para não haver ‘ruídos’ de comunicação”.

Indago: mais “ruído” do que já vem causando?

Por enquanto são poucos os veículos de imprensa que se debruçam sobre o problema. Mas a julgar pelo andar da carruagem, se persistirem esses “ruídos”, em breve o Ministério das Comunicações e a Anatel terão de colocar a “sala da imprensa” bem ao lado de outra voltada para “gestão de crises”.

Juntem ao problema, a visível leniência dos organismos de controle, que deveriam ter assento em todos os fóruns que debatam sobre como vão gastar recursos que são públicos. Mas não estão. No máximo fazem o tosco “acompanhamento” de algo que sequer viram.

Aliás, a julgar pela recente audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos deputados, realizada para debater a educação conectada no Brasil, ficou claro que nem o Tribunal de Contas da União, nem a Controladoria-Geral da União, até agora descolaram a bunda da cadeira para participar mais ativamente do processo.

*Enquanto isso, a turma sonha em como gastar R$ 8 bilhões em Internet nas escolas nos próximos anos.

Sessões espíritas

Ao falar na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, o presidente do grupo que acompanha os gastos com conexão de escolas através dos recursos do 5G, Vicente Aquino (que também é conselheiro da Anatel), foi taxativo: A MegaEdu – patrocinada pela Fundação Lemann – nunca esteve presente nas reuniões do Grupo de Acompanhamento do Custeio a Projetos de Conectividade de Escolas. Fisicamente, realmente não. No entanto, o que não faltaram nessas reuniões foram apresentações de projetos e propostas de conexão de escolas “psicografadas” por essas organizações. *Abre o olho Aquino!

Telebras pra quê?

Pasmem, a Telebras até agora não foi chamada uma única vez para palpitar na educação conectada brasileira, porque a Anatel “já estava presente” para se meter no assunto. Isso ficou bem claro nas declarações dadas na Câmara dos Deputados pelo conselheiro Vicente Aquino (Gape) e Pedro Lucas da Cruz Pereira Araújo, o diretor do Departamento de Investimento e Inovação. Em tempo: a Telebras tem um backbone de 35 mil quilômetros em fibra óptica que vai do Rio Grande do Sul ao Nordeste do país. Tem também um satélite geoestacionário queimando combustível na órbita terrestre para conectar apenas 15 mil escolas, de um universo previsto de 139 mil unidades de ensino. Por que?

*Porque é assim que a Anatel e o Ministério das Comunicações querem.

Combinaram com os “russos”?

A imagem postada ao lado é uma exposição de 333 segundos de uma área do espaço feita por um telescópio no Chile. Os “risquinhos” que vocês veem na foto são provocados pela passagem dos satélites de baixa órbita da Starlink, de Elon Musk, em frente ao campo da imagem que está sendo capturada.

Fica a indagação ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – pasta que também não tinha até agora o bumbum sentadinho nos fóruns de discussões sobre conectividade escolar: A Astronomia brasileira está satisfeita, ou já emitiu algum alerta, para o problema que essas constelações de satélites de baixa órbita poderão trazer para o estudo do espaço?

Você pode achar que isso é bobagem. Mas como imagina que boa parte dos cometas e asteroides que perambulam no espaço e podem eventualmente vir a ser um ameaça ao mundo, são encontrados? Acham que o Hubble e o James Webb estão disponíveis 100% do tempo para acompanhar todas as áreas do espaço sideral?

Assédio na ANPD

Tenho ouvido denúncias de assédio moral à funcionários dentro da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Mas esse assédio cometido não parte da direção da autarquia. Está concentrada na área de fiscalização da ANPD. Se realmente procedem as denúncias não sei. Mas constatei que tem sido estranha a movimentação, o entra e sai de funcionários nessa área. Parece que ninguém dura muito tempo ou quer trabalhar lá. Sinistro…

Rodrigo e a Dataprev

Me desculpem as fontes da Dataprev, mas não vou “bater” neste momento em Rodrigo Assumpção e o seu modo de administrar a empresa, que até discordo em alguns pontos, principalmente sobre a permanência de algumas pessoas na sua diretoria. Não, isso não é caso recente de “amor” ao executivo, nem tampouco está rolando alguma “graninha” para eu ficar quieto. Quem me acompanha há muito tempo sabe que eu e Rodrigo sempre vivemos uma relação de “tapas e beijos” (hahahahaha). Simplesmente não tenho críticas para fazer neste momento a ele. O vejo como a única voz que me parece sensata dentro do governo na discussão sobre transformação digital. No Governo Lula 3 Rodrigo Assumpção tem sido o último produtor de inteligência ainda em atividade no PT. O partido envelheceu, não soube se reciclar na área de TICs.

*Fui! Vou me preparar durante a semana para o imperdível churrasco do Pansera!