
Nos próximos meses o Serpro deverá apresentar um projeto que visa a “Evolução do Parque Tecnológico”, que ninguém sabe exatamente o que é, já que a empresa nunca anunciou publicamente essa intenção. E para viabilizar esse projeto, a estatal foi autorizada pela Comissão de Financiamentos Externos do Ministério do Planejamento a contrair empréstimo no valor de até US$ 433 milhões; cerca de R$ 2,462 bilhões no câmbio de hoje (24), com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD.
A aprovação da proposta ocorreu na primeira reunião deste ano do Cofiex, ocorrida no dia 27 de março, na qual 20 programas e projetos financiados com recursos externos e garantia da União, totalizaram cerca de US$ 3,5 bilhões em investimentos para estados, municípios e a União. A proposta de financiamento do Serpro foi a maior aprovada naquela reunião, que ainda aceitou os pedidos de outras estatais que totalizaram US$ 920 milhões.
A única notícia informal que se tem do Serpro sobre as necessidades que a empresa teria de renovação do seu parque tecnológico dizia respeito ao Centro de Dados. Mas não consta ou pelo menos nunca foi mencionado que eventual “evolução” dele acabaria custando até R$ 2,4 bilhões – mesmo que se esteja pensando em data center voltado para uso constante da Inteligência Artificial.
Mais curioso ainda foi saber que o Ministério do Planejamento autorizou uma estatal a contrair uma dívida dolarizada neste montante, que será paga sabe-se lá em quanto tempo e por quantas diretorias no futuro, sem dar publicidade alguma sobre o que o Serpro deseja em termos de “Evolução do Parque Tecnológico”. Aliás, soa estranho que na determinação do Cofiex para a captação do dinheiro num banco de fomento internacional esteja justamente a obrigatoriedade da estatal apresentar a “preparação do projeto”.
Então o dinheiro foi aprovado sem que se saiba ao certo para quê e quanto isso custará aos cofres públicos?
Ao banco pouco importa se o projeto será bom ou ruim; ou que não passe de alguma marreta da direção da empresa. Porque o empréstimo terá como “garantidor” (leia-se fiador, caso o Serpro descumpra alguma cláusula de ordem financeira) a “República Federativa do Brasil”.
*Leia-se também: “o contribuinte brasileiro”.