Neste episódio da contratação sem licitação da PricewaterhouseCooper (PwC) pelo Serpro, para realização de auditoria em sistemas da estatal, que foi suspensa cautelarmente pelo Tribunal de Contas da União o que não faltam são perguntas para uma série de dúvidas.
Uma delas seria: quem é o famoso “Senhor T”, que participou ativamente da reunião do “Comitê de Gerenciamento de Crise” e contribuiu para a empresa definir a contratação da PwC por R$ 12,3 milhões?
Por que o nome desta pessoa está sendo mantido em sigilo para a imprensa? Sabe-se que as informações dela contribuíram fortemente para o Serpro justificar o contrato sem licitação, pela necessidade de investigar suspeitas de sabotagem interna.
Este site obteve do Serpro por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação nº 12.527, de 18 de Novembro de 2011), documentos que serviram de base para a contratação emergencial (sem licitação) de auditoria externa. Que resultaram no contrato com a PricewaterhouseCooper (PwC), suspenso na semana passada pelo Tribunal de Contas da União.
Parte da documentação vem rasurada por questões de segurança interna, uma vez que citam os sistemas a serem auditados e os procedimentos que deverão nortear a ação da equipe de auditoria externa. É compreensível.
Entretanto, o que não é compreensível e justificável, foi a omissão do nome e função deste personagem que participou ativamente da reunião Comitê de Gerenciamento de Crise, que fundamentou a contratação sem licitação pelo Serpro de uma auditoria externa.
Este “Senhor T” (por um erro de quem omitiu o nome, ficou exposta a primeira letra do nome dessa pessoa), levantou a necessidade de se comprovar que o erro de R$ 4 bilhões nos dados da balança comercial informados pelo Siscomex, não ocorreu por conta de eventual sabotagem.
Pela estranheza do fato ficam as seguintes indagações:
1- Este “Senhor T” é dos quadros do Serpro, porém não pode ser divulgado o nome dele, porque parece ser mais importante que os próprios diretores da estatal Antonino Guerra (Operações) e Gileno Gurjão (Jurídico e Governança)?
2 – Que informações ele tem, também não reveladas no documento nem por força da LAI, que levaram o Serpro à condição de suspeitar dos seus próprios funcionários da área de Desenvolvimento, quando falou da necessidade de afastar as suspeitas de sabotagem?
3 – Se não é dos quadros do Serpro, o “Senhor T” é de onde? Do Ministério da Economia? Ou seria de alguma empresa interessada no contrato?
O fato é que a participação ativa dele resultou na contatação da PwC. Assim como a do Diretor Jurídico e Governança, Gileno Gurjão, que no trecho da imagem acima, de parte das conversas da reunião do Comitê de Gerenciamento de Crise do Serpro, aparece tocando em assuntos que não são da esfera de competência da sua área. Convém lembrar que Gileno foi funcionário da PwC até 2011 (de acordo com informações confirmadas pelo relatório do TCU).
Também chama a atenção no documento, a ausência de opiniões técnicas vindas da área de Desenvolvimento de Software do Serpro. Justamente numa reunião que serviu para discutir contratação de auditoria em 10 dos principais sistemas geridos por essa mesma área da estatal.
Indago: onde estava o Diretor de Desenvolvimento, Ricardo Jucá, que não deu nenhuma contribuição relevante nesta reunião, uma vez que não aparece no documento? Mesmo que estivesse em férias (a reunião ocorreu em janeiro), por que nenhum representante da área se manifestou em seu lugar?
O fato é que uma pessoa que teve o seu nome omitido num documento oficial do Serpro, chegou a levantar suspeitas de sabotagem e não foi contestado por ninguém na reunião. Nem mesmo pelo pessoal da área que encaixou calada a acusação de ser “sabotadora”.