Sairam os vencedores da licitação aberta em janeiro deste ano pela Secretaria de Comunicação Social (SECOM), que irá contratar no valor total de R$ 197,7 milhões; quatro empresas que serão responsáveis por gerenciar as redes sociais do governo federal. As vencedoras do certame foram: Usina Digital, Área Comunicação, Moringa L2W3 e o Consórcio BR e Tal, composto pela BRMais e a Digi&Tal. A assinatura dos contratos pode demorar, porque uma empresa inabilitada deve questionar a decisão no judiciário. Dentre as vencedoras destaca-se a BRMais Comunicação LTDA, pela capacidade que tem de sobreviver a governos e polêmicas.
A BRMais entrou para o governo na gestão do presidente Michel Temer para prestar os serviços de comunicação corporativa, monitoramento de redes sociais. E a partir daí foi escalando os serviços para outros ministérios nos governos seguintes.
No Governo Bolsonaro a empresa se meteu na primeira confusão, ao ser descoberto que ela produzia perfis de influenciadores, personalidades e jornalistas e seus posicionamentos políticos em relação a temas de interesse do governo, com recomendações de ações, para o então ministro da Economia Paulo Guedes. A descoberta desses serviços para Paulo Guedes gerou certo desconforto para o governo e o ministro, mas não passou disso.
Ainda na gestão Bolsonaro a BRMais passou a gerenciar as redes sociais do então ministro da Ciência e Tecnologia, o obscuro astronauta Marcos Pontes, que depois de sua polêmica viagem ao espaço no Governo Lula 1, caiu no esquecimento do público e ficou mais conhecido por vender travesseiros para um fabricante paulista.
Neste caso a empresa teve sucesso, pois transformou Marcos Pontes numa celebridade com as suas famosas lives para debates científicos com representantes do ministério e de institutos científicos. Produziu até fake news, ao anunciar uma vacina brasileira contra Covid que nunca existiu e validou a Cloroquina e um vermífugo, como remédios eficazes no combate à pandemia que matou mais de 700 mil brasileiros. Pontes foi um dos ministros com maior atuação nas redes sociais, chegando a contar com um estúdio para transmisão e gravação das suas lives no subsolo do prédio do MCTI. Sua popularidade acabou levando-o para o Senado pelo Partido Liberal no Estado de São Paulo.
Com a chegada do Governo Lula 3 a BRMais chegou a renovar o contrato no MCTI na gestão da ministra Luciana Santos, ganhando R$ 10 milhões à mais em relação aos contratos que assinava para um período de apenas 12 meses. Mas este acabou sendo “quarteirizado” para outras pastas, inclusive, a própria SECOM, através dos chamados “Termos de Execução Descentralizada (TEDs)”, que permitem a um órgão público detentor de um contrato possa repassá-lo para outro. O contrato terminou questionado pela Controladoria Geral da União, que detectou um prejuízo de R$ 18 milhões aos cofres públicos.
Agora é conferir como será o trabalho dela nas redes sociais para Paulo Pimenta na SECOM, já que ele tem nítido interesse de sair candidato do PT a governador pelo Rio Grande do Sul.