Teve posse. João Rezende assumiu a presidência da Anatel sem a necessidade de um “personal stylist”, pois se comportou muito bem. Parecia até estar de paletó novo para comemorar o feito.
Mas alguns detalhes não escaparam e convém comentá-los. A solenidade, por exemplo, não contou com as presenças dos presidente das empresas de telefonia. Ficou uma festa com cara de reservada à diretores de “Relações Governamentais”. Solenidades anteriores, de outros conselheiros, foram muito mais abundantes.
Não vejo isso como demérito não. Ao contrário, quanto mais distante Rezende estiver dos presidentes dessas empresas, melhor será a Anatel.
Os discursos são os de sempre, com promessas de tornar a Anatel uma agência reguladora forte e com capacidade de enfrentar os desafios regulatórios de um mercado que cresce vertiginosamente.
João Rezende teve o mérito de não deixar em branco a queixa do seu antecessor, Embaixador Ronaldo Sardenberg. Tocou na questão que hoje é o maior entrave para o crescimento da Anatel no seu papel de agência reguladora e fiscalizadora do setor de Telecomunicações: Independência orçamentária.
E fez tal cobrança diante do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que preferiu brincar com a situação. Hoje todos sabem que a Anatel é refém do governo. Se não andar na linha, dentro dos interesses palacianos, não compra nem um pirulito no bar da esquina.
Outro ponto importante a destacar: Promessas de fazer a agência caminhar para a luz da transparência pública, com a possibilidade de algum dia a população até poder assistir ao vivo – via Internet – as reuniões do Conselho Diretor.
Nesse ponto ressalto que, se João Rezende realmente abrir a caixa preta que é a Anatel dos dias de hoje em suas decisões, então entrará para a história com méritos pessoais que se sobrepõem aos de todos os seus antecessores.
* Mas por enquanto tudo não passa de discurso. E todos sabem que papel aceita tudo.