Por que a detecção de fraudes deve ir além dos esforços internos?

Por Denis Furtado* – Entre outubro de 2023 e 2024, 24% dos brasileiros com mais de 16 anos foram vítimas de golpes digitais. Isso representa mais de 40,85 milhões de pessoas que sofreram perdas financeiras devido a crimes cibernéticos, como clonagem de cartão, fraudes online e invasão de contas bancárias. Os dados são de uma pesquisa do Instituto DataSenado. 

Com o avanço da tecnologia e a popularização das transações digitais, os criminosos aprimoram suas estratégias, tornando as fraudes financeiras uma ameaça constante. Para bancos e demais entidades do setor, identificar esses golpes tem se tornado um desafio cada vez mais complexo. 

Muitos se apoiam em métodos internos e amostragens restritas ao universo da própria instituição para identificar transações suspeitas, mas será que isso é suficiente? 

A resposta é simples: não. Embora o desenvolvimento de uma ferramenta própria de detecção de fraudes seja um passo importante, ela possui limitações significativas. Um dos principais desafios é a base de conhecimento restrita. Sem acesso a um volume mais universal, de aspecto amplo, de dados sobre comportamentos fraudulentos, os modelos internos são naturalmente menos eficazes. E é aqui que entra a importância de uma plataforma externa especializada. 

Existe uma solução de mercado que analisa mais de dois terços das transações financeiras mundiais. Graças a essa abrangência, essa plataforma possui um repositório de fraudes vastamente superior ao de qualquer banco individual. O que isso significa? A inteligência por trás é alimentada por uma base de conhecimento muito mais ampla, permitindo detectar padrões anormais e fraudes emergentes com uma precisão incomparável. 

Outro ponto importante é a capacidade de reação em tempo real. Fraudes acontecem em questão de segundos, especialmente em transações instantâneas como o PIX. Sistemas internos muitas vezes carecem da velocidade e da sofisticação necessárias para analisar essas transações com a mesma eficiência que uma solução externa já consolidada no mercado.Além disso, criminosos estão sempre inovando. Novas táticas surgem constantemente, e um sistema interno pode não ter dados suficientes para reconhecer ataques inéditos rapidamente. Em contrapartida, uma plataforma global pode identificar novas ameaças ao observar transações de diversas regiões e antecipar padrões suspeitos antes que eles se tornem um problema recorrente. 

Outro aspecto a considerar é a redução de falsos positivos. Um dos maiores desafios na detecção de fraudes é garantir que clientes legítimos não sejam impactados por bloqueios indevidos. Ao utilizar um sistema externo altamente treinado, que possui modelos de inteligência artificial baseados em um grande volume de dados, a precisão aumenta, evitando atritos para os consumidores. No final das contas, a meta de toda instituição é aprovar mais com segurança. 

Na verdade, não se trata de uma escolha entre métodos e processos internos ou externos. O ideal é combinar os dois. Enquanto processos internos podem ser altamente customizados para as necessidades específicas do banco, a solução externa traz consigo um conhecimento atualizado universalmente. A combinação dessas abordagens fortalece a segurança, reduz riscos e melhora a experiência do cliente. 

O erro de muitas instituições financeiras é acreditar que seu próprio ambiente de análise de comportamento de fraudes é suficiente. A verdade é que, sem acesso a um volume massivo e global de dados transacionais e modelos permanentemente treinados, esses sistemas internos acabam sendo limitados. 

A fraude financeira é um problema global e, para combatê-la com eficiência, é essencial adotar uma abordagem que vá além dos muros da instituição. Complementar os esforços internos com uma solução que tenha uma visão ampla do mercado pode fazer toda a diferença entre identificar uma fraude rapidamente ou sofrer grandes prejuízos.

No fim das contas, não se trata de precisar ou não de um sistema externo de detecção de fraudes, mas de avaliar: você pode realmente correr o risco de ficar sem um?

*Denis Furtado é engenheiro de sistemas e diretor da Smart Solutions, distribuidora brasileira de solução antifraude e de cibersegurança. Mais informações em: Link