Por onde anda Amorim?

A pergunta beiraria o absurdo, se o fato fosse o presidente do Serpro, Alexandre Amorim, estar presente ou não no comando da estatal. Mas não é essa a questão. Todos os dias úteis são divulgadas as agendas dele e Amorim está trabalhando normalmente.

Contudo a indagação faz sentido, se levado em conta o fato de que mesmo estando sentado na cadeira de “chefe” dentro na empresa, isso não significa necessariamente que o Serpro esteja no centro das discussões sobre transformação digital, enquanto governo. Alexandre Amorim está visivelmente ausente no processo.

Na semana passada, por exemplo, a ministra da Gestão, Esther Dweck, reuniu-se com a cúpula do Governo Digital e anunciou publicamente a nova “Estratégia Nacional de Governo Digital”. O Serpro não estava presente na figura institucional do seu presidente, Alexandre Amorim.

Ele preferiu estar no Rio Grande do Sul (foto) em encontro com autoridades locais para discutir o quê? Transformação Digital. Curiosamente no evento de Esther estavam presentes os representantes de municípios interessados em estreitar ainda mais o relacionamento com o governo.

Relevância “serpriana”

Para não dizer que o Serpro passou totalmente despercebido no evento, a Comunicação da empresa produziu um vídeo com o Secretário de Governo Digital, Rogério Mascarenhas, no qual ele fala bem da maior estatal de processamento de dados no mundo. Aquele típico momento em que um secretário é colhido pelo braço para dizer alguma coisa que possa justificar um protagonismo que a empresa aparentemente não tem.

* E alguém em plena consciência conseguiria ver Mascarenhas falando mal do Serpro publicamente?

Zumbi

Quem deu as caras no evento do Ministério da Gestão supostamente representando o Serpro foi o diretor responsável pelo relacionamento da estatal com o cliente governo, André de Cesero. Mas ele sequer foi citado ou lembrado pelo cerimonial ou pela ministra Esther Dweck. A própria estatal mais uma vez foi ignorada ou timidamente lembrada sobre o seu papel durante os discursos de autoridades no evento. Aliás, André de Cesero agora virou um “carrapato”. Com a possibilidade de ter seu nome ejetado do cargo de diretor do Serpro, agora ele participa de todo e qualquer evento em que possa se grudar no povo do Ministério da Gestão.

Queridão

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Mas a ministra da Gestão Esther Dweck parece só ter olhos para a Dataprev, que está sob a sua esfera de poder. Neste caso ela fez questão de citar o papel da empresa no contexto da Transformação Digital no setor público por duas vezes. E não deixou de ressaltar a presença do presidente da Dataprev Rodrigo Assumpção. Reza a lenda que em governos, aqueles que não são vistos não serão lembrados.

*Abra o olho Serpro! O governo internamente ainda estuda o que fazer com duas estatais.

Finep/Magalu

Pode chegar a R$ 300 milhões, o empréstimo que a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) concederá ao Magazine Luíza, para a criação de uma plataforma de serviços que a rede varejista pretende lançar no mercado. Segundo as versões internas na agência de fomento, o projeto já teve a provação em primeira instância. Para ser enquadrado como “Inovação”, o projeto passou por pelo menos quatro especialistas da área técnica, incluindo gerente e superintendente. Depois ainda foi sabatinado no Comitê de Superintendentes (todos técnicos de carreira). São sete superintendentes que discutem as propostas depois de analisadas pelos especialistas das áreas.

Finep/Magalu 2

Vai ser muito difícil a Finep recuar desse projeto de financiar a criação de uma plataforma de serviços em nuvem do Magazine Luíza, que na Câmara dos Deputados foi tratado como “Site de Vendas” pelo presidente da instituição, Celso Pansera. Primeiro, porque os “Cientistas/sindicalistas” estão mudos, não dão nenhum pio sobre o assunto. Segundo, porque o governo contou com a voz da empresária Luiza Trajano, que além de fazer parte do “Conselhão” recriado pelo presidente Lula, também se somou publicamente aos outros empresários na luta para obrigar o Banco Central baixar a taxa Selic. E deu certo!

Em Família

O presidente da Finep, Celso Pansera, não contou com a presença do padrinho e autor do requerimento de audiência pública para falar da instituição, o deputado Washington Quaquá. Mas não deixou de agradecer o padrinho pelo seu apoio assim mesmo. Agradeceu o parlamentar como um “amigo”. E bota amizade nisso, já que Pansera foi apadrinhado por Quaquá na indicação da Finep e até tinha uma boquinha de R$ 17 mil reais patrocinada pelo deputado, quando este ocupou a Prefeitura de Maricá (RJ). Boquinha que só acabou agora, porque não dava para Pansera acumular com o cargo de presidente da agência de fomento à Inovação.

Em Família 2

Pansera não contou com a presença de Quaquá na audiência na Câmara, mas ganhou elogios ao seu trabalho pelo lobista Fábio Guedes da ICTP.br. Desde o governo anterior Fabio Guedes vem esquentando o lugar de Celso Pansera nesse escritório de Lobby sem endereço e nem CNPJ, criado para arrancar dinheiro de emendas orçamentárias para a Ciência no Congresso Nacional com o apoio da SBPC e da ABC. Pansera também só largou esse osso porque não podia acumular a função de lobista com a de presidente da Finep. *Mas, se pudesse…

Licitação barulhenta

O Banco do Nordeste está com um edital de pregão na praça e vem chovendo críticas à ele. O banco público, segundo as críticas, direcionou o edital para a aquisição de “Ferramenta de Governança de Privacidade OneTrust”. Ocorre que além de ser considerada a solução mais cara no mercado global, aqui no Brasil o banco poderia contar com ferramentas iguais e mais baratas, que já atuam em governos: LGPDNow, Módulo Security, Privacy Tools, Privally, EComply, LGPD Manager, entre outras. Procurado duas vezes o BNB simplesmente ignorou o pedido de informações desse blog.

Juscelino Conectado

Hoje é dia de festa para o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Ele conseguiu levar o presidente Lula para a inauguração da Infovia-01 do programa “Norte Conectado” em Santarém, no Pará. O presidente já visitou pela manhã o Hospital Escola “Abaré”. Ao longo do dia tivemos cobertura do evento e até coletiva de imprensa de Juscelino, que só fala fora de Brasília. Para não ter de se envolver com perguntas incômodas. *Juscelino está em pé, escondido no canto direito de quem vê a foto, viu?

Norte Conectado

O “Norte Conectado” que Lula lança hoje a primeira etapa no Pará, é a segunda tentativa de um governo petista de criar uma gigantesca infovia subaquática para assegurar Internet de alta velocidade na região Amazônica. E não é pouca coisa não. O projeto prevê 12 mil quilômetros de extensão – distribuídas em oito infovias e R$ 1,3 bilhão de investimento. Quando estiver pronta, espera-se atender 10 milhões de pessoas com conexão de Internet em 59 municípios nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. A primeira tentativa foi na gestão Dilma Rousseff, mas o projeto micou depois que foi parar no TCU.

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A ministra da Gestão, Esther Dweck, continua sendo embromada pelo Ministério das Comunicações, na sua luta de implantar o “zero rating” para acesso gratuito aos serviços públicos digitais. Já conversou com o ministro Juscelino, que foi todo apoio à iniciativa. Só que a proposta morre aí, não sai do campo das “boas intenções”. As teles – essas eternas “parceiras” de governos, sobretudo petistas – não vão deixar de cobrar os pacotes de Internet para dar acesso do cidadão aos serviços públicos digitais. Só toparão se o governo bancar e, caro, pela iniciativa.

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Já que não sai o “zero rating”, a ministra Esther Dweck pensa em relançar o fracassado projeto dos “pontos de conexão” com o auxílio de bancos e órgãos públicos. Essa tentativa frustrada foi feita lá atrás há mais de 20 anos no primeiro Governo Lula, quando se estudou conectividade para o programa de inclusão digital do laptop escolar. Através de pontos via Banco do Brasil, CEF e regionais de empresas estatais e órgãos públicos. Não deu certo, pois ninguém quis usar os seus contratos de conexão com as teles para fazer essa conectividade em paralelo. Por que daria certo agora? Esther, cuidado com o famoso “embromation” dessa turma que anda ao teu lado.

Pagar para ser visto?

A turma no Serpro volta e meia mostra ao público a sua participação em eventos nacionais e internacionais. Até aí, tudo bem, a empresa tem e deve mostrar o seu reconhecido valor. Mas fica aqui a crítica. De que adianta mostrar apenas o sucesso da participação em certos eventos, se a empresa tem de pagar para estar nele? Dar entrevista, que é bom e sai de graça, nada.

*A coluna sofrerá atualizações ao longo do dia e da semana, fiquem atentos.

(Foto de Lula no rio Tapajós, no Pará, é de Ricardo Stuckert – PR).