Ontem assisti uma cena não muito comum. Executivos de empresas, que sempre falaram com jornalistas, saírem calados do Ministério das Comunicações. Gente como Laércio Consentino, dono da TOTVS – a 6ª maior empresa do mundo no setor de software. E que não criou este patrimônio pendurado em governos.
Glauco Arbix, presidente da Finep, que sempre foi extremamente atencioso com a imprensa, também estava com os empresários e preferiu não se pronunciar. Deixou o assunto para o Ministério das Comunicações.
Fomos atrás de uma agenda específica: O presidente da Finep estaria se reunindo com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Pensamos em alguma coisa do tipo: liberações de recursos para inovação, etc.
Acabamos descobrindo coisa mais séria: Empresários que há uns 6 a 7 anos investiram pesado em sistemas interativos para a TV Digital, até hoje não sabem o que fazer com tudo o que desenvolveram, aprenderam e inovaram em nome do Brasil.
Pior. Saíram da reunião com cara de velório, pois certamente descobriram que os atuais interlocutores para a questão da TV Digital conhecem sobre o assunto, no máximo por aquilo que a NET os oferece em seus lares.
Nem precisavam dar entrevistas para nós. Suas fisionomias já diziam tudo.
Aí fico relembrando recentes declarações do ministro Aloízio Mercadante (MCT), em que argumentava a necessidade de criar um ambiente que seja favorável para atrair para o Brasil a Indústria de Games (este ministro, sim, tem sido uma grata surpresa para mim).
Terá uma missão difícil pela frente, pois há cerca de uns seis anos a Argentina fez o dever de casa nesse segmento. Baixou impostos, criou alguns incentivos, fez uma reforma trabalhista para atrair para lá grandes desenvolvedores de jogos. O Brasil ficou chupando o dedo.
Agora nossos vizinhos começam a deslanchar na questão da interatividade na TV Digital. Assunto que até então era domínio brasileiro. Temos o GINGA que simplesmente não “ginga”, porque o governo pós Lula simplesmente afastou todos os interlocutores que criaram as primeiras condições para a indústria local se sentir atraída a investir na tecnologia.
Não existem mais interlocutores com memória de tudo o que já foi debatido sobre o tema. Simplesmente desmantelaram tudo o que foi construído nesse segmento, na mesma velocidade em que criaram um ambiente para a oitava economia do mundo ter uma banda larga de 1 Mbps.
Alguém tem dúvida de que daqui a pouco seremos ultrapassados pelos argentinos em interatividade?
Pelo que vi ontem na saída dos empresários no Ministério das Comunicações, há um nítido desânimo em continuar empreendendo na interatividade para a TV Digital. Pelo que estou lendo hoje no portal Convergência Digital (clique Aqui), acredito que nem o cafezinho que foi servido ontem naquele ministério valeu o esforço da viagem que eles fizeram.