Os gerentes “transversais” e o seu “domínio” no Serpro

Estava pensando em publicar no sábado essa nota, mas acabei deixando para hoje. Ela deixou de ser inédita para os funcionários do Serpro, que acabaram recebendo um conteúdo sem terem pedido. Um gerente fez o favor de vazar para toda a estatal, ao errar na remessa que deveria ser apenas para as chefias.

A correspondência é a memória do que foi discutido numa reunião ocorrida no dia 24 de outubro, na qual discutiram como andam os preparativos em suas áreas para acertar pagamentos de gratificações entre funcionários. Combinaram não falar com funcionários para evitar ações judiciais.

A reunião ocorreu entre as chefias da SUPDR – Superintendência de Digitalização da Receita Federal, com a participação de chefetes de outras áreas. A conversa foi sobre um método para igualar a concessão da GFE – Gratificação de Função Específica. Interessante como tratam suas áreas como “domínios”. São verdadeiros reis quando se trata de pisar em funcionários e vassalos quando a hierarquia sobe casa acima.

“Como diferenciar 2 pessoas que façam a mesma coisa? (ambos 95% web e 5% mobile). A diferenciação seria pelas competências organizacionais (engajamento, proatividade, inovação, transversalidade) com a escala padrão GDES (raramente, eventualmente, frequentemente, sempre)” , avalia o um dos participantes.

A única “transversalidade” que eu tenho visto no Serpro não é por escolha dos funcionários. Mas, sim, por gerentes ávidos a puxar o saco de diretores que desejam vender a empresa.

Não se trata de uma busca por oportunidade fora de sua área de competência, mas escolha de um grupo que prefere fingir que não será atingido pela venda. Ou, até lá, o negócio é curtir o salário melhorado, pago para quebrar de vez a empresa, de forma a ser vendida baratinha.

O modelo proposto para igualar as gratificações será o aplicado pela DIDES -Diretoria de Desenvolvimento. Neste caso, a “diretoria padrão” é notória por perseguir “velhos”. O diretor, Ricardo Jucá, o gênio que deu um rombo de US 4 bilhões na balança comercial brasileira, num episódio passado ficou famoso por estimular a briga entre jovens e “velhos” funcionários.

Manifestou seu preconceito contra velhos funcionários publicamente: “Velho não tem que ter Teletrabalho, velho tem que ir para casa”, declarou numa videoconferência que ocorreu no ano passado, quando o mundo nem imaginava que viria uma pandemia que confinou todos no Home Office.

Entretanto, alguns “velhos”, são considerados essenciais para a empresa, quando estes têm competências que eles mesmos não possuem.

“Todo mundo tem DBA ADABAS dentro das equipes? Preocupação em virtude do PDV e possibilidade de grande evasão”.

Ou seja, existem “velhos” essenciais e “velhos” inúteis na empresa, comandada por “jovens” gerentes ávidos para mandá-los para a casa, desde que a empresa não pare.

“Existe cláusula em que o chefe pode vetar a entrada de empregados no PDV (não sendo nossa intenção usar o veto)”.

Não é a “intenção” mas, se determinado funcionário – de saco cheio com a empresa e seus gerentinhos – resolver seguir para a iniciativa privada por conta própria, porque tem competência profissional para isso, eles têm o poder de impedir o futuro desse trabalhador.

*Portanto, sejam “proativos, inovadores e transversais”, quando forem lidar com esse grupo de idiotas úteis, que chegou ao poder para fazer exatamente o que os diretores mandam, sem questionar.