
Se a bancada do governo tivesse comparecido ao lançamento da Frente Parlamentar Mista de Apoio à Cibersegurança e à Defesa Cibernética, no Congresso Nacional, teria ocorrido um fato histórico. Pois o governo e a oposição teriam deixado a polarização ideológica de lado, para dar o primeiro passo no debate de um modelo eficaz de segurança cibernética para o Brasil.
Infelizmente não foi possível ver essa cena, mas a mão ainda está estendida pelos senadores e deputados integrantes da Frente. Em seus discursos os mesmos parlamentares que vivem às turras com o governo em diversos temas nacionais, evitaram bater ou cobrar a ausência da bancada que apoia o presidente Lula no evento. O que deixa uma porta aberta para futuramente ocorrer essa “união” de esforços em torno da segurança cibernética brasileira.
Apenas a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) rompeu a barreira do sectarismo político e esteve presente no evento. Ganhou a atenção dos participantes e o apoio de outra parlamentar mulher que se dispôs a enfrentar o problema na ciração da Frente: a senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
Vejam os principais senadores e deputados que participaram do lançamento da Frente Parlamentar Mista de Apoio à Cibersegurança e à Defesa Cibernética, no Congresso Nacional.
O Senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) destacou, por exemplo, que a segurança cibernética “não é apenas uma questão tecnológica, mas um pilar fundamental para a soberania do estado brasileiro”:
Já o arqui-inimigo do presidente Lula e da bancada governista no Congresso, senador Sérgio Moro (União-PR) é da opinião que o país tem pouca coordenação em questões de defesa e segurança cibernéticas. Embora considere que existam ilhas de excelência dentro e fora do governo, Moro cobra uma união de esforços para integrar os diversos atores econômicos, políticos e sociais em defesa da soberania nacional. “Sem compartilhamento, sem esforços conjuntos não se irá adiante”:
O senador e astronauta, Marcos Pontes (PL-SP) garante que não há nenhum setor brasileiro que esteja livre de um ataque cibernético e defende que o trabalho da nova Frente Parlamentar seja um esforço conjunto, levando em conta a proteção de dados e o contexto da Inteligência Artificial. “Para que a defesa cibernética tenha sucesso ela não pode falhar nenhuma vez. Para que o ataque tenha sucesso, ela só precisa acertar uma vez”, alertou o senador.
Considerado como especialista na área de TICs pela oposição, protagonista de diversos embates políticos com a bancada governista, o senador Jorge Seif (PL-SC) – parlamentar oriundo de um estado que possui 16 pólos de tecnologia da informação e comunicações, enquanto que Brasília patina há mais de 30 anos para lançar o seu – afirmou que a nova Frente Parlamentar de Cibersegurança terá a missão de trazer respostas para todos os brasileiros que já não vivem fora do mundo online. Segundo ele, o Brasil em 2022 sofreu em torno de 103 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos. Já em 2024 – citando estudo elaborado pelo Instituto Nacional de Combate ao Cibercrime (INCC), a estimativa é de que o país acumulou prejuízos da ordem de R$ 2 trilhões em ataques bem sucedidos, prejudicando as finanças do país e dos brasileiros.
As duas únicas representantes até agora da bancada feminina do Congresso Nacional e que não são alinhadas políticamente, preferiram atuar proativamente em defesa de um modelo nacional de cibersegurança. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) propuseram um diálogo em todo o país na direção da formulação de uma política única de combate e defesa na área de cibersegurança, tema que inclusive deverá pontuar a criação de uma segunda CPI na Câmara dos Deputados para avaliar os crimes que andam ocorrendo na Internet brasileira. A primeira CPI, por coincidência, foi presidida em 2017 pelo então deputado Esperidião Amim, que agora presidirá a Frente Parlamentar Cibernética.
A nova Frente Parlamentar Mista de Apoio à Cibersegurança e à Defesa Cibernética do Congresso Nacional deverá ter na próxima semana a sua primeira reunião para definição de uma agenda de sessões e encontros com todos os setores, públicos e privados, que estejam relacionados ao tema.