Além dessa suposta estratégia de arrumar um terceiro sócio para a Cobra Tecnologia, não podemos descartar também a possibilidade de o governo estar se preparando para fazer um movimento muito maior, que irá sacudir o mercado financeiro: Encerrar o contrato do Banco Postal que a ECT mantém com o Bradesco.
Uma tentativa de romper esse contrato chegou a ser feita, lá atrás, pelo Ministério das Comunicações, na época do ministro Hélio Costa. Não deu certo, mas a idéia pode apenas ter sido engavetada para avaliações futuras.
Em 22 de agosto de 2008 a editora Ana Paula Lobo, do portal Convergência Digital – cujo único defeito é ser flamenguista – publicou uma reportagem sobre o tema. Segue o trecho que nos interessa:
“Em 2001, o Bradesco venceu uma licitação feita pelos Correios, numa concorrência direta com a Caixa Econômica Federal e o Banco Itaú para oferecer atendimento bancário em mais de 5,5 mil agências postais. O contrato tem validade até 2009.
A instituição financeira pagou R$ 201 milhões de taxa de acesso, o que lhe conferia a exclusividade na prestação do serviço nas agências dos Correios. O contrato também previa o repasse de tarifas bancárias, estimadas, na época em R$ 2,5 bilhões, num período de cinco anos.
Em janeiro de 2007, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, manifestou o desejo de romper o contrato que mantinha com o Bradesco e que originou a criação do Banco Postal. Na época, o ministro chegou a anunciar a criação de uma comissão formada por técnicos do Minicom, Banco Central, Casa Civil e Correios para calcular o valor de uma possível indenização ao Bradesco pela quebra do contrato. Mas o resultado desse estudo não veio a público.
Costa criticou bastante o acordo firmado com o Bradesco – que colocou os Correios como o fornecedor de toda a infra-estrutura para o Banco Postal. O ministro reclamou dos poucos investimentos da instituição privada na iniciativa.
O ministro informou ainda que, em 2007, a marca “Banco Postal” estaria valendo cerca de R$ 1 bilhão. Na época também se estudou a hipótese dos correios operar no Sistema Financeiro Nacional como um banco oficial, sem estar agregado à rede bancária. O processo, no entanto, não andou.
Pesquisa divulgada pela Febraban – Federação Brasileira de Bancos – revela que, em 2007, o país possuía 84.332 correspondentes bancários. De 2000 a 2007, o crescimento deste canal foi de 514,12%. Segundo o estudo, os correspondentes bancários – locais como as agências dos Correios, por exemplo – respondem por mais de 80% das dependências físicas disponibilizadas pelos bancos”.
* Afirmo que estou apenas traçando cenários que poderão ocorrer no futuro, em função dessa possibilidade conferida agora aos Correios no seu Estatuto, de “comprar empresas ou constituir subsidiárias”.
Só quem pode esclarecer melhor essa questão é o ministro das Comunicações Paulo Bernardo.