Por volta das 10h07 minutos, a plataforma “Estaleiro” do Serpro entrou em pane e deixou todas as páginas de serviços do gov.br fora do ar. Ninguém pode acessar páginas como, por exemplo, do eCac, eSocial, nem tampouco os serviços de informações trabalhistas ou o cartão nacional de vacinação.
O Serpro alegou um “problema pontual em sua infraestrutura” que foi corrigido às 11h40 da manhã, quando os sistemas voltaram ao normal.
O “problema pontual” do Serpro é o fato de que a estatal tem uma multinuvem caótica, que além de caríssima tem inúmeros “parceiros” de infraestrutura e serviços fazendo o que querem.
No caso de hoje, me contaram que a empresa não tem um ambiente de “Disaster Recovery”, em Brasília, que reduza imediatamente o tempo de inatividade e a perda de dados com a possibilidade de recuperação das aplicações baseadas na sua nuvem.
Desde o Governo do Bolsonaro a empresa preparou-se para por em execução esse ambiente, mas acabou por não implementá-lo. Se estivesse em atividade poderia ter sido ativado quando o “Estaleiro” começou a falhar. Levou-se mais de uma hora para normalizar a situação e sabe-se lá o que foi perdido nesse prazo.
Esse é mais um exemplo de como o Serpro está jogado para as baratas, desde que Alexandre Amorim assumiu a presidência da estatal. Já foram nove meses consumidos por brigas internas de um presidente que veio do Centrão e está num governo do PT com o apoio de alguns petistas paulistas e de Brasília, mas que não aceita indicações de outras alas do partido.
Coisas piores ainda não aconteceram, graças à brava equipe e sua qualidade técnica que luta contra essa maré de azar com o comando da estatal. Que até a data de hoje não tem um Diretor de Desenvolvimento. A maior estatal da América Latina não tem há nove meses quem dê rumo no desenvolvimento de software. É inacreditável, mas esta é a marca Alexandre Amorim de governar.
Enquanto tentam transformar a empresa numa “barriga de aluguel” para grandes provedores de nuvem, o Serpro vem definhando politicamente aos olhos do governo. Sequer foi capaz de realizar algum teste de disponibilidade e falta investimento. Amorim só pensa em acumular poder e a gestão da empresa que se dane.
O “problema pontual” de hoje é mais um aviso de que os níveis de serviços da estatal nos sistemas do governo federal correm o risco de acabar entrando em colapso com uma paralização lá na frente que poderá ser muito maior do que a pane de pouco mais de uma hora que ocorreu hoje.
*O presidente do Serpro está brincando com fogo.