Não me tenham como um especialista no assunto, porque não sou. Mas desde o pós-guerra, o rumos da Ciência e Tecnologia no Brasil têm sido debatidos pela SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
Por ser uma entidade ‘sem fins lucrativos’ e, portanto alheia à governos, nem sempre a visão dela sobre o futuro do País nesse setor acabou em sintonia com o pensamento do Ministério da Ciência e Tecnologia. Mas isso não foi e nem é ruim. O contraditório sempre contribuiu para governos repensarem sua política para o setor.
Ocorre que agora o Ministério da Ciência e Tecnologia decidiu criar uma espécie de “genérico” da SBPC. Sem maiores detalhes, o MCT acaba de anunciar a criação da “Comissão do Futuro”. Que terá por objetivo central: “discutir os rumos da ciência brasileira a longo prazo”.
Fico com a seguinte dúvida: Mas isso já não tem sido feito pela SBPC desde 1948?
A nova “Comissão do Futuro” será formada por “cientistas brasileiros e internacionais, presididos pelo neurocientista Miguel Nicolelis”. Não entendi direito no comunicado oficial estampado no site do MCT, sobre o que quiseram sugerir quando informaram que a nova comissão irá contar até com “duas jornalistas”. Ficou a impressão de que são dois seres de outro mundo; que os meus colegas de profissão irão acrescentar algo à mais na discussão que esse organismo pretenda ter.
A “Comissão do Futuro” – sem maiores explicações sobre os seus reais objetivos – nasce com um forte odor de estatização da discussão sobre os rumos da Ciência e Tecnologia brasileira. Curiosamente contará com a participação de cientistas estrangeiros, dono de laboratório e até ex-executivo de empresa de tecnologia. A mesma que, na hora de escolher um país latino-americano para instalar uma unidade de semicondutores, alegou muita burocracia e foi parar na Costa Rica.
Sua composição será a seguinte:
* Presidente: Miguel A. L. Nicolelis, Duke University e ELS-IINN