Tem sido um ótimo programa para uma sexta-feira morta, assistir às reuniões do Conselho Consultivo da Anatel. Se decisões importantes não saem dali, pelo menos alguns episódios garantem boas gargalhadas.
A última realizada nesta terça (30/04), não fugiu à regra. Ao contrário, superou-se.
Imaginem um processo eleitoral para escolha de presidente e vice, cujo candidato ausente vence numa das chapas, mas acaba perdendo no “tapetão” para o candidato derrotado? Pois saibam que isso ocorreu.
Eduardo Levy, representante das empresas de telefonia (SindiTelebrasil) não pode comparecer à reunião por conta de viagem de serviço ao exterior. Mas deixou a sua candidatura posta, tanto para presidente, quanto para vice.
Não conseguiu a vaga de presidente, mas acabou empatando em 3 votos na escolha do cargo de vice-presidente com Marcello Miranda, que disputou pelo Instituto Telecom, entidade criada com apoio do Sinttel do Rio de Janeiro e ligado politicamente ao deputado Jorge Bittar (PT-RJ).
Ocorre que, pelo regimento, em caso de empate ( na eleição para vice foram 3×3 para Levy e Miranda), assume o mais velho conselheiro. Então Eduardo Levy foi o escolhido.
Só que Marcello Miranda não se conteve. Num discurso longo – que suponho que foi o diferencial para vencer a disputa, mas não necessariamente pelo conteúdo dos argumentos e, sim, pelo cansaço dos demais participantes – disse todo o tipo de bobagens possíveis para reverter a situação.
Por exemplo, alegou que “as teles não podem assumir o Conselho Consutivo”, como se isso fosse mudar a vida dos consumidores ou da Anatel, que nunca deu a menor bola para as decisões oriundas de lá. Mais bobagem ainda porque Levy já era vice-presidente do Conselho e atualmente ocupava interinamente a presidência. Alguém por acaso sofreu na pele algo de bom ou ruim por isso?
Como Levy não estava presente para defender a reeleição através da escolha pelo critério da antiguidade, deram o famoso jeitinho brasileiro na situação.
O candidato eleito para a presidência do Conselho Consultivo, procurador do Ministério Público do Distrito Federal, Leonardo Bessa, acabou aceitando os argumentos de Marcello Miranda.
E no seu primeiro ato já eleito como novo presidente do Conselho Consultivo aplicou um “caladão” nas teles. Mudou o seu voto, até então em favor do candidato Eduardo levy e passou defender a eleição do representante do Instituto Telecom.
Com isso, Marcelo Miranda foi eleito vice-presidente por 4×2 para o Conselho Consultivo da Anatel. Foi meio na base do tapetão, mas parece que ainda cabe recurso; dependerá do humor de Eduardo Levy.
* Agora é que vem a melhor parte. Marcello Miranda em seu discurso, defendeu mudanças no sistema eleitoral do Conselho Consultivo da Anatel. Entende que o melhor processo eleitoral quem tem é o Nic.br e o CGI.br.
Se este for o argumento, nem será necessário mudar nada. Miranda já aprendeu nessa “escola”. Se lembram?
Na eleição dos membros do Conselho do Nic.br há menos de dois meses, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, foi barrado por um voto. E teria ficado fora do organismo, não fosse a decisão do presidente, Demi Getschko, de mudar o seu voto na última hora e com as urnas fechadas. Demi tinha decidido abster-se na votação e comunicou previamente a sua decisão.
Mas para evitar o constrangimento ao governo e ao ministro, mudou o voto para garantir um resultado mínimo ao ministro. ( Leia Aqui)