A Claro fez um festão hoje em Brasília para lançar a tecnologia 4G, com a presença de algumas das nulidades do Executivo, Legislativo e do Governo do Distrito Federal.
Olha, depois de ouvir muito e tentar entender o que eles ‘venderam’ como notícia para o colega Luiz Osvaldo Grossmann, o “Ruivo”, digo que só sendo muito louco eu assinaria esse serviço no Brasil, pelo menos nesta fase inicial.
Ainda não alcancei a meta de rasgar dinheiro aqui em casa, deixo a tarefa para os mais ricos.
Só para terem uma noção do que vem por aí:
Primeiro, vamos definir alguns conceitos, pois sei que muita gente ainda não entende desse vocabulário que as teles nos empurram diariamente.
1 – Nunca confundam capacidade de transferir pacotes de dados (hoje o tamanho de um arquivo pode chegar ao Gigabyte), com velocidade de nagevação (hoje medida em Megabits por segundo). Se um vendedor de uma operadora te disser que você navegará na Internet ilimitado com “5Gigas” , ou o cara está mentindo descaradamente em nome da empresa, ou ele não sabe do que está falando.
Não quero acusar ninguém, mas tenho visto que isso tornou-se num truque de vendedor das operadoras. O que ele está te dizendo é que te dará, por um preço “x” uma franquia, uma capacidade de trafegar até “x” Gigabytes de dados (fotos de gatinhos, videozinhos e outras bobagens ‘facebuquianas’ consomem isso), numa velocidade que eles nunca garantem direito qual é, mas não passa de 5Mbps atualmente nas melhores redes.
Hoje na terceira geração (3G), o que ocorre quando você estoura essa franquia (suponto que seja um pacote de dados de 5Gb para uma velocidade de navegação de 5Mbps) é que a operadora imediatamente reduz a velocidade para navegar na rede.
Qualquer um que tenha esse pacote hoje no 3G, quando estoura a capacidade de transmissão dos dados, tem a velocidade reduzida para, pasmem, 64Kbps (kilobits por segundo). Coisa que beira o começo da internet discada (via linha telefônica) no Brasil dos anos 90.
Não, o preço não cai paralelamente: você continua pagando o pacote original, só não leva o que esperava receber.
Dúvidas no 4G
A Claro promete cobrar no seu 4GMax à título promocional R$ 99,90 – por 5Mbps de velocidade e capacidadede transmissão de até 5Gigabytes de dados. Mas informou que reduzirá a velocidade para 128Kbps sempre que essa franquia estourar. Portanto, cai a velocidade, mas o preço não.
A própria operadora reconheceu hoje que esse pacote é promocional, só para degustação dos novos clientes por 30 dias. E já recomendou escolherem outros modelos de velocidades maiores, porém mais caros, ainda não anunciados em seu site (Veja o link abaixo o modelo deste contrato).
As velocidades numa rede móvel, mesmo de quarta geração (4G), ainda estão no megabit por segundo (Mbps). Na demonstração que fizeram aqui em Brasília, um técnico da Claro obteve 40Mbps de velocidade com o celular ligado durante o evento.
Tudo bem, é alta para burro, considerando que hoje navegamos na Internet móvel com no máximo 5Mbps. Mas lembre-se que somente ele, talvez algumas pessoas à mais aqui, estavam numa plataforma 4G.
Depois a Claro fez um teste. Três celulares (smartphones) realizaram uma videoconferência entre Brasília, Rio e Belo Horizonte. Qual foi a velocidade alcançada durante esse teste? A Claro não revelou.
Aí começam as dúvidas se estamos caminhando para o paraíso das comunicações móveis, ou se vamos repetir o mesmo discurso montado quando veio a terceira geração, que libertaria o mundo da Internet por meio de linha fixa ou fibra óptica e depois tornou-se num verdadeiro fiasco.
A dúvida é: essa velocidade de 40Mbps alcançada pelo técnico só por manter o smartphone ligado numa rede 4G, coisa de japonês por exemplo, será mantida quando pendurarmos centenas de pessoas em cada megabit oferecifo pela operadora em sua rede?
Durante o tesde de video conferência entre Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, ocorreu falha na transmissão. O técnico da Claro de BH não conseguia falar, a voz não chegava aos demais interlocutores. A Claro, evidentemente, alegou que era “problema no microfone do smartphone”. Possível? sim. Duvidoso? muito.
Não digo que não possa ter ocorrido uma falha momentânea. A “Lei de Murph” sempre se aplica nessas horas tumultuadas de eventos.
Mas me acendeu um sinal amarelo. Primeiro, causa-me estranheza que uma empresa realize um teste na frente de tantas autoridades e, numa ocorrência de pane, não troque o equipamento. Não tinha um smartphone reserva? Não seria essa a ação mais lógica e esperada da parte de uma empresa como a Claro, que detectou uma falha num microfone do aparelho?
Segundo, ao não informar a quanto de velocidade os celulares estariam consumindo numa videoconferência que deu pane, não levanta suspeitas sobre a qualidade da transmissão e da rede montada para esse teste?
Se numa rede montada para funcionar com apenas 3 aparelhos dá esse problema de áudio, o que esperar dessa rede, se mil smartphones estiverem realizando a mesma operação?
E será que a velocidade se manteve estável, em 40Mbps? Quando estiverem mil aparelhos compartilhando cada um dos megabits fornecidos pela Claro, não haverá queda de qualidade da navegação? Hoje no 3G a regra é clara: a velocidade aumentará e diminuirá proporcionalmente ao número de clientes que estiverem pendurados em cada megabit oferecido por uma operadora.
A julgar pelo contrato abaixo da Claro na promoção do 4GMax, fica subentendido que o cliente também perderá na navegação na Internet, igualzinho ao 3G. Só que ele pagará mais caro para ter mais velocidade, mais capacidade de transmissão de dados . Mas continuará ciente de que perderá no serviço ao estourar o seu pacote.
Ficou o alerta de que o cliente que desejar mais velocidade e capacidadede para mandar pacotes de dados para a Internjet, terá que contratar planos especiais mais caros. Quanto? ninguém sabe ainda. E quanto perderá em velocidade, sempre que ultrapassar o pacote? esse é outro mistério a ser desvendado com o tempo.
Acho que vou esperar a choradeirada da turma que tem para gastar, para depois pensar o que fazer com o 4G no Brasil.
* O contrato da Claro vocês poodem acessar AQUI.