Novo sururu no Serpro

Tem um executivo no Conselho Fiscal do Serpro, que vem tirando o sono da Fenadados e dos sindicatos. E estes já preparam ações para tentar tirá-lo desta função.

Trata-se de Clício Luiz da Costa Vieira, que representaria hoje a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional no Conselho Fiscal do Serpro.

Seu passado dentro do governo é marcado por envolvimento em escândalos não esclarecidos, segundo informam os sindicalistas. Ele fez parte de um grupo de executivos da Caixa Econômica Federal, indicado pelo ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas Pereira, durante o Governo FHC, para preparar o processo de privatização da Datamec, ocorrida em 2000.

Esse grupo era formado na época por dois superintendentes da CEF – Mário da Cunha Haag e Luiz Antônio Carvalho Arrochela Lobo – além dos  gerentes: Marcos Guedes Frei, Enóque Elias da Silva e Clício Luiz da Costa Vieira.

Durante a sua passagem no comando da Datamec, todos foram citados num dossiê que chegou a ser investigado pela Comissão de Fiscalização da Câmara, mas que acabou sem resultados efetivos. O documento continha denúncias de irregularidades cometidas dentro do Conselho de Administração da Datamec pelos executivos da CEF. 

Entre as operações supostamente irregulares, que teriam ocorrido antes da privatização, estariam convênios de cooperação comercial assinados por este grupo, que transformaram a Datamec em “barriga de aluguel”, permitindo que a estatal comprasse para a CEF, sem necessidade de licitação, computadores de diversos fabricantes. O dossiê também questionava o aluguel de um imóvel em São Paulo, cujo valor na época era de R$ 8 milhões, feito com uma locadora que seria ligada a um irmão do então presidente do conselho da Datamec, Mário Haag.

As investigações comprovaram tais irregularidades. Além disso, também apontou o alto custo com diárias e passagens para o grupo se deslocar semanalmente de Brasília para administrar a Datamec. Mas ninguém terminou punido. Como os resultados desta investigação só foram anunciados após a estatal estar privatizada usaram como desculpa, que as irregularidades cometidas na empresa “não envolveram dinheiro público”.

A Datamec terminou privatizada em 2000 em circunstâncias um tanto esquisitas. O governo FHC simplesmente transferiu para a iniciativa privada quase todo o processamento de dados do banco oficial. Só quem lucrou com a venda da Datamec foi a multinacional Unisys, que praticamente assumiu a estatal de “porteira fechada”, mantendo todos os contratos em vigor com o governo.