Coisas que só o Brasil explica. O país pretende apresentar para o mundo uma proposta de construção de data center voltados para o processamento da Inteligência Artificial, sem ter energia abundante. Esse assunto tocamos aqui na edição do dia 28.
Agora temos mais uma novidade.
Simplesmente a Casa Civil da Presidência da República “esqueceu” o projeto da construção da usina nuclear de Angra 3. Não há sequer uma única menção do que o governo pretende fazer nessa área, nas 668 páginas da Mensagem Presidencial para 2025 encaminhada ao Congresso Nacional. A construção da usina, inclusive, pode acabar indo para o beleléu em março e nem sair do papel. Leia aqui no Petronotícias (mas depois volte para ler mais hehe):
Ou seja o governo aposta em novos data center voltados para a Inteligência Artificial, sem sequer pensar no quanto uma nova usina nuclear poderia contribuir para esse desenvolvimento no campo energético.
“Ahhh mas energia atômica é um risco ambiental que não devemos correr”… Ok, então vai morar debaixo de uma usina eólica e depois conversamos sobre isso.
Enquanto o Brasil cria as suas fantasias de ser protagonista na Inteligência Artificial, as big techs estudam utilizar a energia nuclear para abastecer os seus data center. Peço licença para extrair um trecho da coluna de hoje de Guy Perelmuter (a versão completa está neste link, para assinantes do Estadão: https://www.estadao.com.br/economia/guy-perelmuter/escolha-nuclear-big-techs/), sobre o tema:
“…Em março de 2024, a Amazon comprou um data center na Pensilvânia movido à energia nuclear da Talen Energy (uma geradora independente baseada em Houston, no Texas) por US$650 milhões. Seis meses depois, a Microsoft assinou um acordo com a Constellation Energy Corporation (uma geradora de energia baseada em Baltimore, Maryland) para religar a unidade 1 da usina nuclear de Three Mile Island (também na Pensilvânia), desligada em 2019. No mês seguinte, em outubro de 2024, foi a vez da Google assinar um acordo com a Kairos Power (uma startup fundada em 2016) para comprar energia gerada por diversos reatores nucleares modulares (SMRs – small modular reactors). E para encerrar o ano, no início de dezembro a Meta anunciou que está buscando parceiros para gerar entre um e quatro gigawatts de energia nuclear”.
Venderam a ideia para o presidente Lula, mas estão enganando o velhinho com falsas promessas de data center de IA. Que na atual conjuntura energética brasileira, além de criar problemas ambientais que não estão claros, diante do silêncio do Ministério do Meio Ambiente, eles tendem a apresentar resultados duvidosos, se considerada a capacidade de armazenamento atual de energia elétrica versus o consumo.
*Lula, chama essa turma de enganadores e repete para eles não apresentarem propostas mirabolantes.
(foto principal: Marcelo Camargo, Agência Brasil)