Não estamos ganhando nem da Bósnia

* Só nos faltava essa. Leiam o que diz a UIT sobre o setor de TICs brasileiro:

Novas estatísticas da União Internacional de Telecomunicações (UIT) mostram que o acesso da população às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) continua se acelerando em todo o mundo, impulsionada por uma queda constante nos preços dos serviços de telefonia e de internet banda larga.

Os novos dados fazem parte do relatório anual de TICs da UIT “Medindo a Sociedade de Informação 2011” e colocam a República da Coreia como a economia mais avançada do mundo em TICs, seguida por Suécia, Islândia, Dinamarca e Finlândia. O Brasil ocupa a 64ª posição do ranking, logo abaixo da Bósnia-Herzegovina, e acima da Venezuela, que ocupam a 63ª e 65ª posições, respectivamente.

Um aspecto importante do relatório é o Índice de Desenvolvimento das TIC, ou IDT (*), que classifica 152 países de acordo com o nível de acesso, uso e capacidade das TICs, e compara os resultados de 2008 e 2010. A maioria dos países no topo do ranking é da Europa e do Pacífico asiático. Os Emirados Árabes Unidos e a Rússia lideram as posições em suas respectivas regiões, e o Uruguai é o mais bem posicionado na América do Sul. Arábia Saudita, Marrocos, Vietnã e Rússia foram alguns dos países mais dinâmicos entre 2008 e 2010, tendo feito melhorias significativas no rankings de IDT.

Mobilidade agora onipresente

A disseminação das redes móveis em países em desenvolvimento continua flutuante, com 20% de crescimento de assinaturas de serviços móveis nos últimos anos, sem sinais de desaceleração.
Nos países desenvolvidos, por outro lado, o acesso aos celulares chegou a uma saturação, com uma média de acessos de mais de 100% ao final de 2010, comparada com 70% nos países em desenvolvimento. Com mais de cinco bilhões de assinaturas e uma cobertura da população global de mais de 90%, os celulares agora são, de fato, onipresentes.

Serviços de banda larga móvel (“3G”) também estão se espalhando rapidamente. No final de 2010, 154 economias em todo mundo lançaram redes 3G. O acesso à internet banda larga sem fio continua sendo o principal setor de crescimento nos países em desenvolvimento, com a banda larga móvel crescendo a 160% entre 2009 e 2010. Países registrando os maiores ganhos no subíndice do IDT “Uso das TICs” são majoritariamente aqueles que alcançaram um aumento considerável nas assinaturas de banda larga móvel.
De forma recíproca, o número de assinaturas de internet discada tem diminuído rapidamente desde 2007 e, baseada nas atuais tendências, a “morte da discagem” deve se tornar realidade nos próximos anos.

Acessibilidade melhora, mas países em desenvolvimento ainda pagam muito caro

Em todo o mundo, as telecomunicações e os serviços de internet estão se tornando mais acessíveis aos consumidores. De acordo com o “preço das cestas” das TICs (IPB) – que abrange 165 economias e combina o custo médio dos telefones fixos, telefones móveis e serviços de internet banda larga fixa – o preço dos serviços das TICs caiu 18% mundialmente entre 2008 e 2010, com a maior queda em serviços de internet banda larga fixa, onde os preços médios diminuíram 52%.

Todas as economias entre os dez primeiros lugares no IPB têm um Renda Interna Bruta alto e, com exceção dos Emirados Árabes Unidos, todos são da Europa e do Pacífico asiático. Em países desenvolvidos, os preços médios para serviços de TICs correspondem a não mais que 1,5% da renda per capita mensal, comparada com 1,7% nos países em desenvolvimento. Mas enquanto os preços da banda larga diminuem drasticamente em todo o mundo, a conexão em alta velocidade da internet continua inacessível em muitos países de baixa renda. Na África, por exemplo, ao final de 2010, os serviços de banda larga fixa custavam em média o equivalente a 290% da renda média, abaixo de 650% em 2008.

Grandes disparidades na velocidade e na qualidade dos serviços

Comparando os serviços e as tecnologias de banda larga fixa e móvel, o relatório também encontra enormes diferenças na capacidade, velocidade e qualidade da rede.

Em muitos países em desenvolvimento, enquanto a velocidade mínima para banda larga (256 kbit/s) pode ser suficiente para e-mail e outros serviços básicos, ela é inadequada para aplicações e serviços com muitos dados. Além disso, o relatório observa que a atual velocidade experimentada tanto por consumidores de banda larga fixa como móvel é frequentemente muito mais baixa do que a velocidade recomendada, e pede que os reguladores das TICs tomem medidas para incentivar as operadoras a fornecer aos consumidores informações claras sobre cobertura, velocidade e preços.

“Uma nova divisão digital está se desenrolando entre aqueles com acesso a alta velocidade/capacidade/qualidade – como é o caso de muitos países de alta renda – e aqueles com baixa velocidade/capacidade/qualidade, como é o caso de muitos países de baixa renda”, afirmou o Diretor do Escritório de Desenvolvimento de Telecomunicação da UIT, Brahima Sanou. “Os gestores políticos devem agir com rapidez para facilitar a disseminação da banda larga e assegurar que os serviços de banda larga sejam mais rápidos, mais confiáveis e acessíveis.”

O relatório também aponta importantes diferenças qualitativas entre serviços de banda larga fixa e móvel. A velocidade média de uma assinatura de banda larga móvel não costuma coincidir com a assinatura de alta velocidade fixa e frequentemente inclui limites de dados, diferente dos “dados ilimitados” que a banda larga fixa oferece e que agora são amplamente disponíveis. Isto representa um desafio para os países onde a única tecnologia de acesso à banda larga é a móvel – caso de muitos países em desenvolvimento.
(*) Nota aos editores: O IDT reúne 11 indicadores em uma única medida que pode ser usada como uma ferramenta de análise comparativa mundialmente, regionalmente e a nível nacional, bem como ajudar a definir o progresso no desenvolvimento das TICs ao longo do tempo. Ele mede o acesso, uso e habilidades das TICs, e inclui indicadores como assinaturas de celulares, computadores por domicílios, assinaturas de internet banda larga fixa e móvel, e taxas de alfabetização.

Pela primeira vez este ano, o subíndice de “uso das TICs” cresceu mais do que o subíndice de “acesso às TICs”, refletindo o fato de que muitos países alcançaram níveis de saturação em termos de infraestrutura básica das TICs e estão se tornando usuários ativos das mesmas.

* Um Resumo Executivo do relatório da UIT pode ser encontrado em Aqui.