Não é uma estatal de TI como o Serpro e a Dataprev

A campanha “Salve seus Dados”, criada com recursos de funcionários do Serpro e da Dataprev para bancar empresa de lobistas no combate à intenção do governo de vender estatais de TI, publicou um artigo equivocado no site Congresso em Foco. O Japão não criou uma empresa estatal.

A Agência Digital do Japão estaria muito mais para uma Secretaria de Governo Digital (SGD) como temos hoje no Governo Bolsonaro, e antigamente a Secretaria de Tecnologia da Informação em governos anteriores, do que uma estatal como o Serpro ou a Dataprev.

Também não está sendo criada com um atraso de 50 anos conforme o artigo publicado pelo funcionário da Dataprev no site que virou o porta-voz da campanha. Se formos colocar uma linha temporal no assunto, diria que está com um atraso de apenas uns dois anos, considerando o Governo Bolsonaro. Ou no máximo uns 20 em governos anteriores.

A Agência Digital do Japão está sendo concebida para realizar uma tarefa que aqui no Brasil começou com o Governo Michel Temer: integração dos sistemas e bases de dados do governo japonês. E só. A missão dela será dar andamento na solução de um problema que nem o CIO do governo ( lá tem um efetivamente um nomeado) conseguiu.

Não será uma empresa de Tecnologia da Informação, não terá funcionários concursados. Ao contrário, especialistas de empresas privadas estão sendo chamados para contribuir no projeto. Se serão remunerados ou não pelo governo ou em contratos de terceirização, não consegui informações claras à respeito.

Entretanto, diferentemente daqui, a Agência Digital do Japão terá como foco de ação o desenvolvimento de uma “GovCloud” (já ouviram falar de algo com esse nome?). Pois é, aqui temos uma, mas erroneamente tanto o Serpro quanto a Secretaria de Governo Digital “disputam” o mercado governamental com nuvens formadas pelas principais multinacionais de TI.

Então meus caros “serprianos” e “dataprevianos”, se vocês defendem a agência japonesa como “modelo estatal” que deveria ser seguido no Brasil, não deveriam estar contratando multinacionais para fazer nuvem governamental e muito menos estar adotando como slogan de campanha, o já famoso: “Salve seus dados”.

Isso não é nenhum demérito da minha parte para a causa do combate às privatizações. Eu continuo acreditando nessa causa desde que comecei a carregar a bandeirinha sozinho aqui e pagar politicamente com a exclusão da lista de veículos de imprensa que cobrem TI neste governo. Problema que agora, quando a vaca está indo para o brejo esse nível de arrogância começou até a baixar a bola. Danem-se!

O que não é válido para o combate à privatização das estatais de TI é não ser efetivamente claro nas intenções de informar. Aliás, fico feliz de ver que o povo da exatas agora deu para virar “articulista” de jornal eletrônico. Curioso é que nunca me procuraram para falar tão abertamente contra privatizações como agora.

Encerro fazendo cobrança à coordenação dessa campanha “Salve seus Dados”:

1 – quanto arrecada mês a mês dos funcionários do Serpro e da Dataprev e quanto gasta mês a mês nessa campanha, especificando claramente com quem e com o quê.

2 – Que todos os envolvidos na governança dessa campanha em favor dos funcionários do Serpro e da Dataprev, declarem publicamente que não estão nesse movimento se cacifando politicamente, para em 2023 postularem cargos de direção nessas empresas.