Missão brasileira discutirá 5G com a CIA e o FBI, além do governo americano, bancos e empresas

O Ministério das Comunicações anunciou a agenda de visitas da “Missão 5G”, que ocorrerá entre os dias 06 a 11 de junho em Washington e Nova Iorque. A agenda é bastante curiosa, pois envolve visitas técnicas a entes governamentais da área de segurança cibernética, da área regulatória e fabricantes da tecnologia 5G. Mas chama a atenção os “encontros exclusivos” que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) terá com a CIA e o FBI.

Oficialmente o objetivo desta missão será “conhecer modelos de redes privativas com enfoque em segurança cibernética e dialogar com agentes financeiros, que serão potenciais investidores do mercado de telecomunicações brasileiro nos desdobramentos do leilão da tecnologia 5G”.

Ao todo deverão ser entre 10 a 15 membros compondo a “Missão 5G”. Equipe que será definida pelos Ministérios das Comunicações, Defesa, Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (que na agenda foi erroneamente descrito como sendo o “Gabinete de Segurança Internacional”), Tribunal de Contas da União, Anatel e Senado Federal.

A “missão” governamental terá o envolvimento do Tribunal de Contas da União, um organismo de controle vinculado ao Legislativo e tem a incumbência legal de analisar o edital do leilão de frequências. Técnicos da Anatel e representantes do Senado Federal também estarão presentes na comitiva que, entretanto, excluiu representantes da Câmara dos Deputados, embora esta Casa Legislativa tenha uma comissão especial estudando a implantação do 5G no Brasil.

Reuniões

Com o auxílio da Embaixada do Brasil, no dia 7 de junho serão realizadas uma série de encontros na sede do Departamento de Defesa norte-americano, Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, e ao National Security Council. Também está prevista uma reunião no Departamento de Comércio.

Em paralelo, a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fará reuniões com Avril Haines, que vem a ser diretor de Inteligência Nacional do governo americano. E também encontros secretos nas sedes do FBI e da CIA, em Washington.

Indústria/banco

No dia 8, as visitas da “Missão 5G – EUA terão caráter regulatório e prospecção de parceiros tecnológicos e investidores. Estão previstos encontros com empresas de tecnologia, agências reguladoras de redes e bancos.

Será realizada, por exemplo, reuniões na FCC (Federal Communications Commission – a Anatel americana) e com representantes do NIST (National Institute Standards and Technology).

A seguir, a comitiva segue para uma série de encontros com empresas como a Qualcomm e a Verizon, AT&T Global Network, AT&T – Warner. Depois será realizado um almoço/mesa redonda com “investidores” – parceria Santander (não explicada qual).

Além desses encontros a “Missão 5G” ainda ouvirá a direção da Ericsson sobre “elementos regulatórios e casos concretos de redes privativas”. É curioso que a Ericsson novamente esteja na agenda de audiências governamental, em solo norte-americano, já que o fabricante recebeu visitas de comitiva brasileira similar, quando ocorreu a “Missão 5G Europa e Ásia”.

*O que a fabricante tem para ensinar sobre “aspectos regulatórios” aos brasileiros isso é um mistério.