Por Alexandre Sartori* – As operações industriais, em especial de mineração, estão ainda mais voltadas e atentas para soluções eficazes de saúde e segurança. Com a jornada de Transformação Digital, que já estava estabelecida e agora foi potencializada pelo pós-pandemia, o setor passou a focar em projetos transformadores, unindo aspectos tecnológicos como habilitadores para prover mudanças na cadeia de valor de operação, nos processos e na forma como as atividades são realizadas objetivando, principalmente, a operação remota nas plantas.
Sob este aspecto, temos o conceito de Mina Digital, que busca retirar as pessoas do trabalho no campo, levando informações de forma clara e visual para o ambiente digital, melhorando a tomada de decisão, por exemplo, ao integrar informações do despacho, telemetria de equipamentos e avanço físico à mina. Neste aspecto, ainda é possível identificar a localização dos equipamentos para otimizar as rotinas das equipes de planejamento e manutenção.
Para suportar este novo modelo de operação digital da mineração, o conceito da Mina Digital prevê a utilização de várias tecnologias aplicadas a diversos processos de negócios da operação, como planejamento, operação de mina, movimentação (equipe e equipamentos), manutenção, saúde e segurança, entre outros. Abaixo, listo seis tendências tecnológicas, aplicadas aos processos mencionados, que suportam o início desta nova jornada.
1. Realidades Aumentada e Virtual – neste contexto, a própria cava ou cavas é representada por um modelo virtual, podendo ser visualizada em tablets, celulares e dispositivos portáteis. Essas tecnologias permitem ainda a interação entre duas ou mais pessoas, independentemente de suas localizações físicas, tendo como ferramenta os recursos de realidade aumentada para visualizarem informações, resultados de simulações realizadas com a utilização de dados reais, plotagem de resultados de análises preditivas e atualização automática do modelo virtual baseado nas nuvens de pontos geradas pelos dados coletados por drones, entre outras funcionalidades.
2. Arquiteturas Híbridas – no contexto de Indústria 4.0, as arquiteturas híbridas são praticamente uma exigência. O grande benefício está na condição de harmonização de tecnologias variadas em uma arquitetura robusta que suporta soluções com altas confiabilidade, disponibilidade e escalabilidade. Uma plataforma combinada permite que os limites bem definidos da automação tradicional sejam tratados de forma totalmente fluída, ou seja, cria-se uma arquitetura que permite a redução do número de níveis da conhecida pirâmide da automação, integrando as tecnologias de dados como Analytics, Machine Learning e Artificial Intelligence à escalabilidade e poder computacional da Cloud Computing.
3. Mobilidade – uma operação de Mina Digital deve monitorar todos os equipamentos e as pessoas em um único sistema, o que promoverá ganho na produtividade, melhor resultado na operação e mitigação de riscos da operação e do negócio. Neste ponto, também é importante que a solução já esteja adequada à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).
4. Sistemas de análise – um dos maiores desafios que hoje as empresas têm reside no fato de encontrar maneiras de agregar e contextualizar informações de várias áreas do negócio para possibilitar uma tomada de decisão melhor e mais integral. Utilizando um sistema híbrido, é possível obter análises feitas por cada área e, assim, atingir as metas e os resultados esperados pela empresa por meio de configurações de business workflows com avaliações de atividades e responsabilidades, com regras de negócios definidas ou flexíveis, de acordo com a necessidade de cada organização.
5. Simulação – as cadeias de suprimentos de mineração são uma sequência complexa de movimentos e processos de materiais e existem várias combinações possíveis ao longo da cadeia de valor: extração, transporte, estoques, planta de processamento, ferrovia e porto. Dentro deste cenário, uma ferramenta de simulação pode ajudar as empresas de mineração a analisarem possíveis mudanças em suas operações e cadeias de suprimento, além de incorporar o impacto de fatores externos, como clima, demanda de mercado e preços de produtos ou então fazer simulações de cenários hipotéticos, mudando variáveis do processo a fim de identificar possíveis desvios e falhas antes mesmo que eles aconteçam na vida real.
6. Machine Learning & Artificial Intelligence – uma arquitetura híbrida permite a aplicação dos conceitos e algoritmos de ML para que a solução aprenda como o processo de mineração funciona desde a extração, passando pelo embarque e rastreamento do produto, até o destino. A partir desse aprendizado, é possível utilizar algoritmos de AI para realizar análises preditivas para apoiar decisões de negócio nos níveis estratégico, tático e operacional. No contexto da Mina Digital, é possível para a companhia orientar suas decisões estratégicas para antecipar tendências de mercado orientando sua produção qualitativamente, por exemplo. No nível operacional, é possível fazer análises preditivas para avaliar riscos de acidentes, como deslizamentos, por exemplo, criar rotas otimizadas ou alternativas, definir os pontos de detonação dentro da cava. Enfim, as possibilidades são infinitas.
Existem vários benefícios e ganhos que podem ser alcançados nos mais diversos processos e subprocessos da mineração utilizando a tecnologia. Neste cenário demonstrado podemos atingir mais de 100 benefícios na cadeia de operação a depender do tamanho de cada organização e os resultados podem ser extraordinários.
*Alexandre Sartori é diretor de Metal & Mining da Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e Consultoria especializada em Transformação Digital.