
Às vésperas de participar da solenidade de assinatura do contrato da Telebras com a Entidade Administratoda de Conectividade das Escolas (EACE), o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho – que quando ocupou a presidência da estatal defendia esse acordo – acaba de anunciar os resultados positivos de um projeto-piloto de conexão de escolas públicas com 5G FWA, tecnologia que dispensa o uso de fibra óptica ou satélite.
As operadoras móveis, que durante anos não conectaram áreas remotas, porque alegavam que não dava lucro, agora prometem uma Internet de alta velocidade para o programa de conectividade das escolas que está sendo tocado pelo Ministério das Comunicações, graças aos R$ 3,5 bilhões que arrecadou com a venda barata das licenças para exploração do 5G no Brasil. Aliás, chega a chamar a atenção para dois fatos.
A demora de quase um ano e meio para a Telebras assinar esse acordo com a EACE, que teve várias manobras para não ser assinado com apoio da Anatel, agora está explicada. O projeto não interessava para as operadoras que controlavam essa entidade e somente andou depois que eles se retiraram da administração dela. Hoje sabe-se que os constantes atrasos foram justamente para dar tempo das empresas, ou virarem o jogo com a Starlink, a quem apoiavam, ou para concluir os testes do 5G FWA. Com esses bons resultados, resta agora convencerem o ministro que a nova tecnologia 5G é a melhor estratégia para o programa “Aprender Conectado”. E não o serviço de satélite da estatal ou as fibras ópticas dos provedores.
Deixando a polêmica histórica de lado, o teste realizado numa parceria pelo CPQD, Qualcomm, Intelbras e Brisanet, em três escolas do interior do Rio Grande do Norte, obteve “resultados surpreendentes”, segundo o ministério.
“Desempenho comparável ao da fibra óptica, com capacidade para atender aos parâmetros da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (ENEC)”, informa.
O projeto-piloto durou cinco semanas nas escolas públicas do Rio Grande do Norte , cujo critério utilizado na seleção foi a distância entre a escola e a torre de transmissão do sinal 5G (ERB) da Brisanet — que, neste teste, variou de 1,6 a 4,7 quilômetros, com uso de CPE externos que permitiram melhor captação do sinal da estação radio-base.
A partir daí sobram elogios otimistas dos realizadores do teste:
“A tecnologia FWA é uma alternativa estratégica para atender a demanda por conectividade, uma vez que pode ser implantada rapidamente e com custo reduzido em relação às soluções tradicionais, como redes de fibra óptica. Essa agilidade de implantação permite levar conexões de alta velocidade e qualidade a escolas localizadas em áreas remotas do país, ou com infraestrutura limitada”, explicou Gustavo Correa, gerente executivo de Soluções de Conectividade do CPQD.
“O resultado positivo dos testes traz boas perspectivas para o avanço da conectividade significativa em áreas rurais e áreas remotas, potencializando a inclusão digital e social e servindo de instrumento para a educação de crianças, jovens e adultos. Foi muito relevante para a Brisanet viabilizar os testes da tecnologia FWA 5G nas escolas do RN, pois se conecta com o que já fazemos há 26 anos aqui na região Nordeste, que é levar conectividade onde ela é mais necessária”, pontuou Roberto Nogueira, CEO da Brisanet.
O ministro das Comunicações, Frederico Siqueira, por sua vez, limitou-se a dizer que o 5G FWA pode ser uma ” alternativa rápida e viável, complementando a fibra óptica e a conexão satelital”.
*Perguntar não ofende: qual foi a latência na conexão mais próxima e mais longa deste teste?