Na entrevista concedida hoje (21) à rádio Gaúcha, na qual acusou todos os funcionários do Serpro e da Dataprev de venderem dados dos cidadãos, o secretário das Privatizações, Salim Mattar, se meteu numa confusão que somente ele pode esclarecer.
É preciso que ele venha à público novamente e esclareça se isso é uma ação corroborada pelas diretorias do Serpro e da Dataprev, se é fato isolado e, portanto, passível de processos administrativos que ainda não foram divulgados, ou, em instância final, se tudo não passa de uma generalização, um mal entendido criado no seu afã de colocar a opinião pública à favor da venda das empresas estatais.
O fato é que Salim Mattar na entrevista faltou com algumas verdades. A primeira delas é que ele omitiu que o presidente Jair Bolsonaro, a quem ele serve com uma dedicação fora do comum, foi quem autorizou bancos e empresas de Marketing a porem as mãos em dados de aposentados e pensionistas para fazerem propaganda. E ao fazê-lo, sequer observou que a nova Lei Geral de Proteção de Dados, que nem está em vigor ainda, perdeu um dos únicos instrumentos que poderia coibir esse tipo de comercialização.
Mattar também precisa esclarecer se tem informações privilegiadas que a opinião pública ainda não saiba, se existe funcionário ou quadrilhas de funcionários operando dentro do Serpro e da Dataprev, vendendo dados de cidadãos. E se tem, quem são e que medidas foram tomadas desde então. O que ele não podia ter feito era jogar de forma inconsequente numa emissora de rádio, a acusação de que cerca de 12 mil funcionários são ladrões.
Neste caso, em específico, então o Serpro deverá admitir publicamente, por exemplo, que tem manipulado dados dos cidadãos em contratos comerciais, sobretudo bancos. A empresa até responde a uma ação do Ministério Público do Distrito Federal, que investiga justamente esse tipo de vazamento. O Serpro vinha negando publicamente tal atividade, mas agora ficou sob suspeição após as declarações de Salim Mattar.
*Enquanto isso, as direções do Serpro e da Dataprev se calam, apesar de terem sido acusadas publicamente de comandarem um esquema de venda ilegal de informações de brasileiros.