Há exatos dois meses depois do encontro do presidente Jair Bolsonaro com o dono da Tesla, Elon Musk, no interior de São Paulo, realizado no dia 6 de maio, o Brasil liberou hoje (06/07), as importações e exportações de “minerais e minérios de lítio, de produtos químicos orgânicos e inorgânicos, incluídas as suas composições, fabricados à base de lítio, de lítio metálico e das ligas de lítio e de seus derivados”.
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, assinaram o Decreto n°11.120, que permite “as operações de comércio exterior de minerais e minérios de lítio e de seus derivados”, um dos componentes de maior interesse do empresário Elon Musk, porque aumenta o tempo de produtividade das baterias elétricas a serem utilizados nos veículos da Tesla.
Musk veio ao Brasil em maio para participar de um encontro com Bolsonaro, promovido pelo ministro das Comunicações, Fabio Faria. No encontro não se tocou publicamente em relação ao minério e suas aplicações de interesse da Tesla. No cineminha político, Elon Musk estaria oferecendo sua constelação de satélites da Starlink para fazer conectividade com a Internet em escolas da região Amazônica, além de prestar serviços de controle do desmatamento na região, atropelando as atuais funções já desempenhadas pelo INPE.
Operar os satélites na Amazônia ainda traz um benefício para Musk, que pode identificar onde estão concentradas as melhores jazidas de lítio da região.
O empresário é o mesmo que em julho de 2020 foi ao Twitter, mesma plataforma que agora está comprando, para defender golpe de Estado em qualquer país que antagonize com os “interesses” norte-americanos. Na época sua patada foi em direção à Bolívia, também produtora de lítio. “Vamos dar golpe em quem quisermos”, disse Elon Musk, sobre o seu interesse em derrubar Evo Morales para ter acesso ao lítio boliviano.
O decreto assinado por Bolsonaro e Sachsida, publicado no Diário Oficial da União, além de autorizar as importações e exportações de lítio e seus derivados, contém um parágrafo no qual o governo deixa claro que as operações de comércio exterior “não são sujeitas a critérios, restrições, limites ou condicionantes de qualquer natureza, exceto aqueles previstos em lei ou em atos editados pela Câmara de Comércio Exterior – Camex”, controlada pelo Ministério da Economia.
Com essa decisão, Bolsonaro transfere para a Camex e retira da Comissão Nacional de Energia Nuclear, vinculado do Ministério da Ciência e Tecnologia, a discussão sobre a liberação das exportações ou importações de lítio, seja na forma de minério ou como produto já industrializado no Brasil.