
A Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu denunciar o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, por suspeita de desvio de emendas parlamentares como deputado federal. Um caso investigado pela Polícia Federal que não guarda nenhuma relação com a atuação dele no governo. A acusação de PGR já está no Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se torna o ministro réu ou não. O relator será o ministro Flávio Dino. Em nota oficial a defesa do ministro Juscelino afirma que ele é inocente e que confia que a Corte rejeitará a denúncia.
“O oferecimento de uma denúncia não implica em culpa, nem pode servir de instrumento para o MP pautar o país. O julgamento cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF), em quem Juscelino Filho confia que rejeitará a peça acusatória diante da sua manifesta ausência de provas. Aliás, essa é a melhor oportunidade para se colocar um fim definitivo a essa maratona de factóides que vem se arrastando por quase 3 anos, com a palavra final da instância máxima do Poder Judiciário nacional“, declara a defesa do ministro em nota oficial.
Solução ou dor de cabeça?
Quando o presidente Lula atravessou a articulação do PT – que já estava pronto com Paulo Teixeira para ocupar o Ministério das Comunicações – e impôs o nome do deputado Juscelino Filho (União Brasil-MA) para a pasta, ninguém imaginava o problemão que viria no pacote político.
Até então Juscelino não passava de um obscuro deputado federal maranhense, sem tradição alguma no setor de telecomunicações/radiodifusão; mas que chegava ao governo pelas mãos de um padrinho forte: o senador Davi Alcolumbre (União- AP).
Juscelino em dois anos e quatro meses de governo deu uma guinada de 180 graus. Deixou de ser um tolo com padrinho político forte dentro de um ministério que cuida de uma das principais infraestruturas críticas do país, para tornar-se num condutor de políticas públicas e integração com as empresas de telefonia, internet e radiodifusão, além dos Correios. Sua pasta, com ou sem críticas, vem funcionando e entregando resultados para Lula.
No campo político o ministro colocou o bode na sala do Centrão e do União Brasil. Foi o primeiro desta ala que sustenta o governo a anunciar que em 2026 estará no palanque da reeleição de Lula, marcando uma posição política importante nas discussões internas do seu pardido, que tem uma parte significativa de parlamentares que não vota e não quer alinhamento automático com o governo. Junto com Alcolumbre, que agora virou presidente do Congresso, Juscelino reforça o discurso de apoio à Lula e impede o avanço da ala oposicionista dentro do União Brasil.
Este blog não morre de amores pelo ministro e sua equipe. Aliás, depois de Fabio Farias, é o segundo com quem o blog nunca trocou uma só palavra. Como não depende dele para nada, nem mesmo para obter informações da sua pasta, dane-se. Mas a leitura política que este veículo faz da situação de Juscelino, é que ele vem sistematicamente sendo acusado por um suposto crime que não cometeu dentro do governo.
Portanto, o blog não vê como sendo algo razoável tirá-lo do governo, se vem cumprindo com êxito (e até alguns fracassos) as tarefas que foram designadas pelo presidente. Há ainda o componente político da permanência dele no governo que precisará ser levado em conta por Lula na hora da tomada desta decisão.
Juscelino vem sendo tratado no noticiário como alguém que cometeu um crime por desviar emendas para as suas bases eleitorais e em benefício próprio. Falem sério, essa é uma acusação que dá para aliviar outros 512 deputados e 81 senadores no Congresso Nacional? Isso, depois de todo o noticiário sobre orçamento secreto, emendas Pix, etc?
Enfim, não estou aqui para defender, nem tampouco para julgar ninguém. Cada um que cuide do seu inferno. O meu testemunho é que o trabalho de Juscelino Filho no Ministério das Comunicações, mesmo com alguma críticas pontuais que faço, evoluiu bastante e tem surtido mais efeitos positivos para o Governo Lula do que as manchetes dos jornais sobre a sua situação jurídica.
*Atribuem à Napoleão Bonaparte um pensamento muito apropriado para o momento político atual em que vive Lula: “decisões difíceis, privilégios da patente”.