Investindo em tendências, não em setores


A Raio Capital desenvolveu um método que facilita a tomada de decisão; “modismos” dão lugar a fundamentos. O início do processo de queda da taxa Selic, hoje em 13,75%, pode acontecer ainda neste segundo semestre. Isso, para o venture capital, é algo positivo. “Fica menos fácil ganhar dinheiro só investindo em CDI, o que é muito conveniente. A remuneração, para quem não quer correr risco nenhum, está tão alta, atualmente, que se arriscar não faz sentido para muitas pessoas”, diz o CEO da Raio Capital, Bruno Teixeira.

Ele ressalta que o venture capital é ainda mais arriscado do que o mercado de ações – mas o rendimento potencial também é maior. Para detectar possibilidades de bons investimentos, a Raio Capital desenvolveu um método diferente de avaliação, que leva em conta os movimentos que estão dando forma à sociedade.

A Inteligência Artificial Generativa, que ganhou imensa notoriedade recentemente, já estava no radar da Raio Capital há pelo menos dois anos. “É preciso ficar atento às dores do mercado e no que plausivelmente pode solucioná-las”, detalha o investidor, que acrescenta: “Temos um sistema de pontuação de oportunidades de investimento para filtrar o que passa nos nossos critérios de ‘temas e tendências’. Só a partir disso passamos a olhar mais a fundo cada empresa, seu mercado de atuação, sua estratégia, time e diferencial competitivo”.

Entre as tendências destacam-se, por exemplo, a democratização (tema presente em vários setores; pessoas passaram a ter acesso a algo), desintermediação, otimização, simplificação, análise de dados, economia compartilhada, marketplace, logística, bem estar, alimentação e a redução de pegada ambiental.

A Raio Capital atualiza sua lista de temas e tendências a cada 6 meses, a partir de reuniões internas com debates, trocas de informações e leituras e votação.

Covid-19

Para Teixeira, a pandemia reduziu a força do “hype”, dos modismos, e começou um movimento de trazer o mundo dos investimentos de venture capital de volta aos fundamentos. Ele explica que as compras feitas pela internet, inclusive no supermercado, a telemedicina e o home office, por exemplo, ganharam espaço na economia naquele momento. “Falou-se, na época, em antecipação de tendências. De fato, é possível dizer que algumas foram aceleradas. Porém, muitas coisas voltaram a funcionar como antes da pandemia, gerando até impactos negativos para quem apostou pesado em sua consolidação”.

Conversei com Bruno sobre esses temas num bate-papo descontraído, assistam: