O presidente da InterID, Célio Ribeiro, publicou em sua página no LinkedIn um “Manifesto”, assinado por quatro dos seis “especialistas” que já ocuparam a cadeira de diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), a autoridade-raíz da ICP Brasil. O documento é claro, trata-se de uma resposta à reportagem do blog na sua edição do dia 28 de fevereiro, cujo teor está no link abaixo:
O “Manifesto” de quatro ex-presidentes do ITI não faz nenhuma menção direta à reportagem do blog, mas seu conteúdo deixa claro que seria a resposta encontrada pelo presidente da InterID, Célio Ribeiro, para desqualificar o conteúdo jornalístico. Na carta assinada eletronicamente pelos ex-presidentes é declarado que o presidente da InterID e da ABRID, que atua também como Secretário-Geral da Frente Parlamentar Mista para Garantia do Direito à Identidade (FrenID) e ainda é dono da CR Consultoria Em Projetos de Identificacao Ltda; tem sido um “defensor incansável” das pautas que convergem com a certificação digital no padrão ICP-Brasil”.
Elogios à parte, não há nenhuma reportagem do blog que indique que alguma vez Célio Ribeiro tenha trabalhado contra o setor de certificação digital vinculado à ICP-Brasil. Ao contrário, o que foi escrito é que o empresário vem atuando pelo setor, justamente para defender empresas deste mercado interessadas no projeto de identificação da Carteira de Identidade Nacional.
Que, por intermédio dele, se posicionam contra um acordo ainda não assinado e que depende de anuência do Conselho Nacional de Justiça, entre a Dataprev e os cartórios de registro civil, para a criação de um novo modelo de identificação com validação biométrica que será a base da nova CIN e futuramente poderá encampar outras atividades de políticas públicas do governo. Aliás, tal declaração dos ex-presidentes do ITI soa como óbvia, pois alguém em plena consciência acreditaria que eles asinariam um “Manifesto” para atacar a imagem de Célio Ribeiro ou quem quer que seja?
Já a segunda declaração no “Manifesto” dos ex-presidente do ITI soa um tanto confusa, assim como é bastante confusa a atuação do presidente da InterID, Célio Ribeiro. Que numa hora se apresenta a uma autoridade do governo como representante da ABRID, em outra como Secretário-geral de uma Frente Parlamentar e publicamente nas redes sociais aind fala como presidente da InterID, que não é clara em seu estatuto de criação como sendo uma empresa de consultoria, mas no site dela essa função está descrita como uma de suas especialidades.
Os ex-presidentes do ITI afirmaram que Célio Ribeiro “nunca se apresentou ou se posicionou como representante, sob qualquer forma, da indústria de certificação digital, a qual possui entidades representativas próprias”. Então, o que raios foi fazer Célio Ribeiro na semana passada na sede do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) com os empresários Filipe Braga – ICE, Fernando Giroto – NEC, Cassiano Garcia – TALES, Georges Poulet – TALES, Gabriel Teixeira – THOMAS GREG, Ilson Bressan – VALID, Leandro Castro – VALID, Pedro Alves – V SOFT? Ele não estava lá sendo recepcionado para direção do órgão levando empresas que atuam direta ou indiretamente nesse ramo?
As demais considerações dos ex-presidentes do ITI sobre a atuação de Célio Ribeiro não dizem respeito ao que foi publicado pelo blog. Talvez sirvam apenas para enaltecer o trabalho dele à frente de tantas atividades, entre elas a de lobista.
A única dúvida que este blog teve com relação ao comportamento dos quatro ex-presidentes do ITI, foi com relação à presença de Renato Martini, ex-presidente do órgão entre 2005 e 2017; na assinatura deste manifesto com clara conotação política. Os outros três o blog nunca fez nenhuma cobertura jornalistica, dada à relevância deles do ponto de vista jornalístico.
Mas o trabalho de Renato Martini sempre foi prestigiado pela reportagem desde blog e outros veículos de imprensa, o que estranha estar se posicionando politicamente agora contra reportagem do blog, simplesmente para enaltecer o trabalho de um presidente de entidade, que horas atua como consultor e lobista no governo e Congresso Nacional.
O que será que mudou em Renato Martini? Será o fato dele estar do outro lado do balcão agora, como representante do e-notariado, que emite certificado digital e se posiciona contra o acordo da Dataprev com os cartórios de registro civil? Acordo este que poderá resultar numa assinatura avançada, que futuramente irá ferir de morte boa parte da cadeia produtiva da ICP-Brasil?