Por William Rocha* – A pauta de ESG (em português, governança ambiental, social e corporativa) nunca esteve tão em evidência e não faltam aceleradores para que as empresas deem cada vez mais atenção a essas práticas. O que antes podia ser considerado por muitos como um tema secundário e, de certa forma, mais midiático que prático, agora se tornou um dos grandes focos de investimento das companhias. E, no agronegócio, o ESG é ainda mais importante e sensível, principalmente na pauta ambiental.
O uso de Inteligência Artificial (IA) vem provocando uma revolução nas atividades relacionadas ao campo. Na prática, ela tem dois vieses: com a automação, apoiando a execução de tarefas de forma precisa e ágil, e de forma estratégica, fornecendo a análise de dados para apoiar na tomada de decisão do negócio. Sua adoção está presente desde a área administrativa, passando pelo plantio e colheita, até chegar ao empacotamento do produto. E, aliada a outras tecnologias, como a visão computacional, o aprendizado de máquina, os sensores, os drones e a Internet das Coisas (IoT), a IA tem ajudado as empresas a seguirem dentro das boas práticas da agenda ESG.
No que tange à governança corporativa, as grandes companhias têm criado áreas cada vez mais robustas e independentes, além de ferramentadas para conduzir, com segurança e isonomia, os objetivos da agenda G. Nessa questão, a Inteligência Artificial, enquanto geradora de dados, entra como facilitadora no sistema de controles, documentações e auditorias, proporcionando agilidade e precisão em relação às diretrizes que as empresas devem seguir, e com o devido zelo pela proteção de dados e transparência nos resultados.
Na questão Social do agronegócio, grandes movimentos de inclusão, diversidade e equidade têm recebido atenção. Quanto mais as empresas praticam e divulgam, mais impactos positivos elas geram nos seus colaboradores e na sociedade. Num mercado em que a mão de obra qualificada é acirradamente disputada, o impacto social gerado pelas companhias é fator decisivo para os profissionais que vão se associar à determinada marca.
E pelo lado do ecossistema que sustenta esse setor, de acordo com o Censo Agropecuário, a agricultura familiar representa cerca de 77% do total de estabelecimentos agropecuários do Brasil e muito dessas famílias não têm acesso à assessoria tecnológica. E, nessa onda, a empresa que apoiar na capacitação de colaboradores e pequenos produtores para entender os avanços da tecnologia vão estar um passo à frente.
Quanto à pauta relacionada ao Ambiental, a Inteligência Artificial vem desenhando novos rumos para o agronegócio, pois suas aplicações ajudam em uma agricultura de precisão, como a identificação de fenômenos climáticos, o monitoramento da qualidade do solo, o controle de pragas e o manejo de água, ações que levam à economia de recursos e à produção de safras mais saudáveis, o que, de forma geral, diminui o impacto ao meio ambiente.
O uso de tecnologias no campo, seja na agricultura ou na pecuária, é cada vez mais necessária para um aumento de produtividade com menos prejuízos ambientais, principalmente em um mundo que, de acordo com a Organização das Nações Unidas, chegará a mais de 9,5 bilhões de pessoas em 2050, o que aumentará a demanda de alimentos.
Assim, a agenda ESG nas empresas é uma semente que deve ser plantada para ontem visando benefícios que devem ser colhidos nos próximos anos. Mas para obter, de fato, vantagem competitiva, é preciso integrar tecnologia e dados, utilizando recursos como Inteligência Artificial e APIs (em português, Interface de Programação de Aplicações), que são softwares que conectam aplicações e integram diferentes plataformas de todo ecossistema do setor, para que seja possível tirar as metas ESG do papel.
*William Rocha é gerente comercial na Engineering, companhia e consultoria global de Tecnologia da Informação especializada em Transformação Digital.