Falta seriedade e menos pirotecnia política na discussão do corte do FNDCT

No último dia 7 de outubro a Comissão Mista de Orçamento do Congresso (CMO) aprovou de última hora um pedido do Ministério da Economia, para remanejar R$ 650 milhões do Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Recursos novos que iriam irrigar os cofres do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações ainda no orçamento deste ano. Mas que a realidade orçamentária mostra que seria dinheiro parado em caixa, pois o ministério não gastou nem a totalidade do dinheiro que dispõe para este ano.

Isso está expresso na nota técnica que o Ministério da Economia encaminhou à Comissão de Orçamento para justificar o remanejamento dos R$ 650 milhões.

É muito dinheiro remanejado do MCTI? Sim. Mas isso representaria o “fim da pesquisa científica” no Brasil, como dizem as principais lideranças das entidades científicas, que saíram de espada na mão pedindo a crucificação do ministro Paulo Guedes? Não.

Isso ficou claro nas declarações dadas na última sexta-feira (15) pelo presidente do CNPq, Evaldo Vilela, que honestamente falou do orçamento do órgão que preside. Ele deixou claro que o remanejamento orçamentário não atinge os projetos e bolsas em curso pois esse dinheiro está no caixa para pagamento até dezembro. Inclusive para dar início a dois projetos novos.

Evaldo Vilela participou uma ‘live’ na sexta-feira (15) promovida pela SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que contou com a presença de outras entidades do meio científico e acadêmico, além de parlamentares ligados à Ciência e Tecnologia no Congresso Nacional.

O presidente do CNPq fez uma radiografia financeira do órgão e mostrou didaticamente que o remanejamento orçamentário de R$ 650 milhões não impedirá o que já vem sendo executado este ano.

Se os presidentes das entidades do setor entenderam o recado de Evaldo, só saberemos mais à frente. Porém ficou claro que há uma certa desonestidade intelectual ou a burrice crônica dos líderes dessa comunidade científica, para entender o processo de execução orçamentária num governo, que mereceria entrar na lista dos casos para a própria Ciência investigar.

Pois todos os grandes cientistas que comandam o pensamento do setor correram para a imprensa para anunciar o fim da Ciência brasileira e pedir a cabeça de Paulo Guedes. Curiosamente não a do chefe dele, Jair Bolsonaro, e nem tampouco a do colega astronauta Marcos Pontes, que se mandou para Dubai com 23 aspones de luxo e deixou a batata quente para ser resolvida na volta, se ainda estiver no cargo em novembro.

* Por que será, né?