Quem sou eu para dar conselhos ao ministro das Comunicações e “Twitteiro” Oficial do presidente Bolsonaro, Fábio Faria, mas vamos lá, não custa tentar. Ontem acompanhei pela Internet a passagem do presidente Bolsonaro no sertão de Pernambuco, onde foi inaugurar um ramal da Transposição do São Francisco próximo ao município de Sertânia. Obra que deverá beneficiar com água uma população estimada de 2,2 milhões de pessoas.
Não teve “lives”, fotos, vídeos do momento da passagem de Bolsonaro pelo local, em tempo real. Não teve nem povo, segundo as imagens que circularam nas redes sociais, também confirmadas pelos jornalistas presentes.
Por que?
Porque faltou levar o sertanejo para o encontro com o presidente, falha que o Marketing Político dos adversários não costumava cometer em eventos no interior do Brasil com os seus presidentes. E em segundo lugar, não tinha o básico para a cobertura de um presidente: uma rede confiável de telecomunicações para registrar o evento.
Conversei com jornalistas que cobriram o evento e me disseram que foi um caos. Não dava para mandar nada para as suas empresas colocarem como informação nas redes sociais.
Só depois da inauguração foi que começaram a pipocar nas redes algumas imagens da solenidade. Uma delas foi do ministro das Comunicações, Fábio Faria, que não estava presente.
É curioso que um presidente da República vá levar água para 2,2 milhões de sertanejos no interior de Pernambuco e seu Marketing Político não avalie o impacto que isso poderá causar na reeleição de Bolsonaro. E nem enxergue coisas básicas como a necessidade de montar uma infraestrutura de Comunicação eficaz para levar essa informação ao eleitor.
Assim como não é possível o Ministério das Comunicações, onde concentra a poderosa Secretaria Especial de Comunicação Social, não saiba que Sertânia é uma região onde a banda larga é precária em áreas rurais, embora os mapas da Anatel informem que a conectividade móvel exista.
Podia ter resolvido o problema? Sim.
Bastava ter o Ministério das Comunicações agido com a sua subordinada estatal Telebras e montado um ponto de WiFi no local, onde o sinal de satélite chegaria limpo proporcionando, no mínimo, uma conexão em 10 Mbps de velocidade para os usuários.
Por que não fez?
Perguntem para Fabio Faria, pois quando ele vai ao seu reduto eleitoral no Rio Grande do Norte se lembra dos benefícios que a banda larga pode trazer para as políticas públicas de governo.
Mesmo que desconheça o problema, a Comunicação de Bolsonaro parece que não entende que em regiões onde a exclusão digital ainda é uma realidade, o que impera é o rádio. Bolsonaro foi a Sertânia e em nenhum momento falou para a população no rádio. E lá existe emissora para isso.
Será que nem isso o ministério que pretende levar as ações de governo consegue fazer, mesmo tendo uma Secretaria de Radiodifusão e uma estatal EBC, que seria capaz de conectar as rádios locais para ouvirem o presidente?
Enquanto esses bambas do Marketing Político do governo não entenderem que Bolsonaro não pode ficar restrito às redes sociais, onde perde apoios na classe média que pode se conectar, Bolsonaro padecerá de ausência de povo nos eventos que participar.
*E essa fatura política será cobrada lá na frente na hora da reeleição. Não confiem na memória do povo de Sertânia, de que “o presidente levou água para a região”. Eles não estavam presentes para registrar isso.