Empreendedoras indicam 4 livros para inspirar quem quer abrir seu próprio negócio

O Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres que começam um negócio, segundo levantamento da Global Entrepreneurship Monitor realizado com 49 países. No total, são 24 milhões de brasileiras com negócios próprios e foram elas que tiveram um destaque ainda maior durante a pandemia – segundo dados da Rede Mulher Empreendedora, houve um aumento de 40% no número de novas empreendedoras em 2020.

O sonho de abrir o próprio negócio, ter mais tempo para os filhos e aproveitar uma oportunidade de mercado são alguns dos motivos que levam as mulheres a empreender. No dia 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher, como forma de reconhecer a luta das mulheres por igualdade de direitos e, portanto, melhores condições de vida e trabalho.

Pensando nisso, C-levels que se destacam em suas áreas de atuação no mercado, indicaram 4 livros de cabeceira para inspirar mais mulheres que desejam comandar seus próprios negócios. Confira:

Mulher, roupa, trabalho: Como se veste a desigualdade de gênero, de Mayra Cotta – dica da Cristina Fragata, COO da Attri

Cristina Fragata é sócia e diretora de operações na Attri, empresa com mais de 10 anos de mercado que atua transformando negócios por meio da experiência do usuário. Junto com seus sócios, a Tina comanda um ambiente predominante masculino, o da tecnologia.“Minha indicação é um livro que nos faz entender o nosso lugar na sociedade e como podemos alcançar nossos objetivos. É evidente que ainda existe uma lacuna de autoridade entre homens e mulheres no mercado de trabalho”.

O livro indicado pela empreendedora para inspirar outras mulheres é: Mulher, roupa, trabalho: Como se veste a desigualdade de gênero, escrito por Mayra Cotta.“No livro, uma das maneiras na qual essa lacuna se expressa é na exigência da aparência das mulheres nos ambientes de trabalho. Eu já recebi mais de uma oportunidade de trabalho que começou com “prestamos atenção em você pela maneira como se veste” ou “achei que você se encaixaria aqui por como você expressa seu estilo”. Não sei quantos colegas homens recebem propostas parecidas ou quantas colegas mulheres deixam de ser vistas como eu fui nessas ocasiões, mas quando se fala de ter um espaço no mercado de trabalho, repensar o papel da moda é fundamental. Não é uma leitura sobre como se encaixar, mas sobre como potencializar nossa identidade para que sejamos vistas e valorizadas pelo o que somos capazes de fazer”.

Para Tina, os espaços no mercado de tecnologia têm se expandido para incluir mulheres. Mas isso é parte do problema também. “Os postos de trabalho ainda são criados por homens para outros homens e é sempre necessário criar vagas para que sejamos incluídas. Isso diz o suficiente sobre o quanto precisamos evoluir para que as oportunidades possam ser alcançadas por profissionais independente do gênero. Uma vez ultrapassada a barreira da contratação, outro muro se eleva na frente das mulheres: a diferença salarial. Ser mulher no mercado de tecnologia ainda é uma corrida de obstáculos, mas cabe a nós, mulheres em posição de liderança, derrubar barreiras e compartilhar conhecimento para que todas possam não só alcançar a linha de chegada, mas ter a certeza de que é possível chegar ao pódio”, finaliza.

Pacientes que curam, de Julia Rocha – dica da Mariana Hinkel, co-founder e diretora da Agência NoAr

Mariana Hinkel é jornalista, mãe, empresária e comanda junto com sua sócia Marina Mosol a diretoria da Agência NoAr. Sediada em São Paulo e com clientes no Brasil todo, a Agência tem mais de 10 anos e atua no mercado oferecendo serviços de comunicação empresarial. No último ano, a empresa cresceu 40%, conquistando clientes que vão desde multinacionais a startups de diversas áreas.

Entre os livros de cabeceira da empreendedora está “Pacientes que curam”, criado pela escritora brasileira Julia Rocha. Apesar de não ser um livro sobre comunicação, Mariana acredita que a obra tem muito a ensinar aos comunicadores e quem empreende nesta área.

“Primeiro, o olhar empático da autora, Julia Rocha, uma mulher negra, médica de família e comunidade no SUS, mãe e cantora. Julia não vê as pessoas apenas por suas dores, por suas doenças. Julia ouve suas histórias e trata todos como seres humanos, narrando a trajetória daqueles pacientes de um jeito único e emocionante. Outro ponto importante do livro é conhecer um país que muitos de nós desconhecemos. Sempre falo que comunicação externa é mais ouvir do que falar; é sobre entender e não apenas ser entendido. Neste ponto, o livro Pacientes que Curam é um verdadeiro retrato de um Brasil periférico, cheio de injustiças que doem a alma, mas que também alimentam a vontade de lutar por mudanças. Super indico a leitura”, comenta.

Oceano Azul, de W. Chan Kim — dica da Milene Rosenthal, psicóloga e co-fundadora da startup Telavita

Milene Roenthal é psicóloga com mais de 15 anos de experiência com foco em práticas inovadoras que possam fazer a diferença na vida das pessoas e organizações. Como empreendedor digital em saúde, recebeu o “Prêmio Sebrae Mulher de Negócios”, escolhida entre 2.600 empresas inscritas. Em sua trajetória ajudou a fundar a Telavita, primeira clínica digital do Brasil de saúde mental.

O livro indicado pela especialista é Oceano Azul. A obra foi feita com base em um estudo de 150 movimentos estratégicos, de mais de 100 anos e 30 setores. Os autores W. Chan Kim e Renée Mauborgne concordam que a concorrência acirrada só pode resultar em um oceano vermelho e sangrento, repleto de inimigos que lutam por si e lucros.

O sucesso, no entanto, não viria da disputa conhecida e acirrada, mas da criação de oceanos azuis, espaços novos, intocados e prontos para o crescimento. A abordagem dos escritores é tornar a concorrência um ponto irrelevante e, durante o texto, eles descrevem os princípios e ferramentas que podem utilizar para criar e desbravar seus próprios oceanos azuis.

“O que os autores trazem nesse livro é fantástico e a pura realidade – acho que muitas vezes ficamos preocupados com a concorrência e esquecemos de olhar o que os clientes estão precisando, o que a sociedade necessita, principalmente na área de saúde, em que percebemos que já existem muitos processos desgastados”, afirma Milene.

Empresas Feitas para Vencer, de Jim Collins – dica da Kátia Caetano, empreendedora digital e CEO da Virtual Make

Kátia Caetano é empresária e sempre teve o sonho de empreender. Há 6 anos, abriu a loja virtual Virtual Make na plataforma Loja Integrada para começar a atuar no comércio eletrônico, distribuindo maquiagem por atacado para todo o país. Apostou também na educação e na capacitação como forma de incentivar o empreendedorismo no Brasil. Só para se ter uma ideia, a marca cresceu 150% durante os primeiros anos de pandemia, contratando mais colaboradores e ajudando a formar novas mulheres empreendedoras.

Para a empresária, o livro que mudou a sua visão de liderança foi “Empresas feitas para vencer”. Este clássico dos livros de negócios responde à seguinte pergunta: Como empresas boas, medianas e até ruins podem atingir uma qualidade duradoura? É um livro que fala de gestão e raciocínio lógico para tomar as melhores decisões.“Recomendo e acredito que seja uma leitura essencial para quem quer transformar seu negócio em uma empresa de sucesso. Collins traz uma vasta pesquisa de grandes empresas que tiveram um crescimento exponencial e consegue traçar um perfil de liderança que faz a diferença no negócio. Com esse livro aprendi a importância das pessoas certas no projeto e levo como inspiração todos os dias”, finaliza Kátia.

*Imagem extraída do site Estadão PME.