Humberto Barbato não tem mais condições de presidir com isenção a Abinee. De continuar a ser o representante da indústria elétrica e eletrônica para tratar institucionalmente com o futuro governo as pautas de interesse do setor. Como ele irá conversar com um governo que ele considera que venceu as eleições à base da “roubalheira”?
Em grupo de WhatsApp da Confederação Nacional da Indústria Humberto Barbato disse até ter dúvidas sobre como o Tribunal Superior Eleitoral conduziu o processo. “Não sou tão rápido para aceitar essa roubalheira”, declarou.
O empresário, é fato, nunca escondeu que não gostava do PT. Amigo do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente da Abinee, entretanto, sempre manteve a linha no relacionamento com os petistas durante os Governos Lula e Dilma Rousseff, obtendo inclusive grandes vitórias para o setor.
Não era o estilo dele, mas o bolsonarismo operou mudanças de comportamento incríveis no país, sobretudo na elite paulistana. Ao ponto de vermos gente nesse mesmo grupo de WhatsApp voltar ao discurso xenofóbico do “nós produzimos para sustentar eles”.
Desta vez o presidente da Abinee Humberto Barbato resolveu “chutar o balde”, ultrapassou os limites do bom senso ao “falar” em público. Ou ele achava que grupo de WhatsApp era blindado a vazamentos de conversas?
O governo que irá assumir no próximo dia 1º de janeiro não será preponderantemente do PT. Ao contrário, será fruto de uma “Frente Ampla” formada por vários partidos. E terá como vice-presidente o ex-governador São Paulo, Geraldo Alckmin, pessoa que, ao que conste, sempre manteve uma relação amizade.
Pegou muito mal afirmar que Lula e Alckmin venceram uma eleição por conta de “roubalheira”. Como vai fazer para consertar essa incontinência verbal? Veremos.
*As declarações dos empresários foram reveladas pelo jornalista Guilherme Amado, do Metrópeles, que eu reproduzo no link abaixo: