Na terceira reportagem desta série, este site mostra que a presidente da estatal, Christiane Edington, passou por cima de todas as recomendações contrárias e liberou total acesso à empresa – inclusive em áreas de segurança máxima – para amigo que viria ser nomeado diretor de Operações. Só que a indicação encalhou misteriosamente na Casa Civil da Presidência da República e o “candidato” deixou a empresa sem maiores explicações.
Após tomar posse na presidência da Dataprev, Christiane Edington decidiu levar para o Conselho de Administração a indicação de Fábio Koreeda para ocupar a Diretoria de Tecnologia e Operações. O nome passou então para os trâmites legais internos da estatal e o encaminhamento dele foi feito à Casa Civil da Presidência da República.
Até aí, tudo bem, a executiva tinha o direito de escolher com quem iria trabalhar. Os problemas começaram, entretanto, quando Fábio Koreeda, que morava em Curitiba e tinha ocupado anteriormente a direção de empresas como a Oi, a Contax, além da GVT, passou a circular em todas as dependências da Dataprev, inclusive nos datacenter, considerados área restrita e de máxima segurança.
Era uma circunstância inédita para os padrões da Administração Pública Federal, sobretudo para a Dataprev. Até então, sabia-se que diretores recém nomeados ou indicados frequentavam áreas de empresas e órgãos públicos diversos, mas sempre ficavam circunscritos ao seu futuro local de trabalho (sala ou o andar onde permanecem os demais executivos).
Não constava que indicados para cargos tinham livre acesso a dependências de segurança máxima como datacenters, somente pelo fato de portarem um crachá de diretor.
Pois foi o que Christiane Edington mandou fazer. Fábio Koreeda passou a frequentar qualquer dependência da Dataprev com um crachá de diretor, sem que nenhuma instância dos escalões inferiores questionasse oficialmente a presença dele. E o curioso é que naquele momento Koreeda ainda passava pelas formalidades legais dentro do governo.
A presença de Fábio Koreeda naquelas circunstâncias chegou a ser questionada dentro do Conselho de Administração. Segundo fontes da empresa, em dada reunião teria sido pedido o registro em Ata, da estranheza do fato de uma pessoa andar credenciada como diretor da estatal, sem que a nomeação dela estivesse aprovada pelo governo.
Não se sabe se a presidente da Dataprev, Cristiane Edington, fez constar as reclamações em Ata ou se simplesmente as ignorou. Este site não encontrou registros públicos de reuniões que tivessem confirmado esse episódio das queixas.
Não consta até mesmo informações que atestem que o “Compliance” da empresa tenha se manifestado contra a presença de Fábio Koreeda, que chegou a participar de várias reuniões estratégicas da Dataprev e ouviu informações sigilosas. Nem que tenha entrado no circuito, após isso, para cobrar responsabilidade por essa irregularidade.
O que se sabe é que a corda tenderá a estourar no lado mais fraco, com Christiane tentando achar culpados para uma situação que ela criou dentro da empresa.
Koreeda aparentemente acabou não tendo seu nome aprovado para a direção da Dataprev. No entanto ainda permaneceu por um breve período como “assessor da presidência”, até buscar nova colocação no mercado de trabalho privado.