Quando você pensar que o ridículo alcançou o seu patamar máximo no mundo político brasileiro, não esqueça que sempre se pode melhorar. Basta que você tenha disponível de um lado, um governador paulista doido para ser presidente da República e, do outro, um astronauta e ministro da Ciência e Tecnologia, cuja única missão relevante na carreira de coronel aviador da FAB foi plantar feijão no espaço.
Após o anúncio feito hoje de manhã pelo Instituto Butantan do pedido de testes para uma vacina nacional denominada “ButanVac” , que foi festejada pelo governador de São Paulo, João Dória, como uma vitória política sobre o Governo Bolsonaro, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, correu à tarde para o Palácio do Planalto para anunciar a vacina federal.
Pontes na entrevista com jornalistas disse que a vacina federal deverá ter ao menos um “BR” para indicar a vitória da Ciência brasileira. Cascata, o que ele desejaria mesmo é que ela ganhasse o nome de “AstroVac”, ou “BolsoVac” para puxar o saco do presidente.
O nome dado por cientistas brasileiros – que são sérios e estão sendo envolvidos nessa disputa política por esse bando de idiotas – foi “Versamune®️-CoV-2FC”, e está sendo desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto em parceria com os laboratórios Farmacore Biotecnologia e a PDS Biotech.
As vacinas não estão prontas para imunizar o brasileiro, pois elas ainda terão de passar por novos testes e ganhar a autorização da Anvisa.
Mas espero sinceramente que elas deem certo, pois será o reconhecimento da capacidade do cientista brasileiro, que é mal remunerado, mal-equipado e mal financiado para realizar pesquisas importantes para o Brasil.
Mas isso é mero detalhe para políticos, num país que assiste uma campanha presidencial antecipada em um ano e a morte de mais de 300 mil brasileiros por Covid-19.
Ao Marcos Pontes só devemos creditar seus esforços para comprovar a eficácia do vermífugo nitazoxanida, no qual ele gastou dinheiro público numa busca ridícula para agradar ao presidente Bolsonaro e garantir o discurso do tratamento precoce. Pontes chegou a desplante de realizar coletiva de imprensa fake para anunciar a eficácia do remédio, conhecido popularmente por “Anitta”, em que encerra chorando de emoção.
Na semana passada o ministro participou de mais uma cena ridícula. Recebeu em seu gabinete o deputado Nelson Barbudo e um empresário do Mato Grosso, que foi até lá levar uma “garrafada” milagrosa que afirma poder curar o Coronavírus.
Enquanto badalava a grande notícia nas redes sociais, Marcos Pontes deixava a Comissão de Orçamento do Congresso meter as mãos em recursos da pasta, que já perdeu dinheiro do Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Mas ele se deu bem. Terá R$ 35 milhões para as suas lives semanais.
*Talvez um dia algum órgão de controle deixe de continuar “capturado” pelo governo e se mexa. Talvez pare as atividades Marcos Pontes no MCTI, ou pelo menos puna o astronauta pelo festival de improbidades administrativas que vem cometendo na pasta.