Pensar em uma mudança de carreira tem sido cada vez mais comum para a maioria dos trabalhadores ativos no Brasil. Segundo levantamento do LinkedIn divulgado em 2024, cerca de 75% dos profissionais brasileiros consideram viver uma transição, índice superior ao estudo de 2023, que constava o desejo em 60% dos entrevistados.
Com esse aumento acentuado, algumas questões surgem, principalmente associadas a quais são os principais motivos para o movimento. Será mesmo que oportunidade e estresse explicam completamente a tendência? Fato é, de acordo com o levantamento “Employee Burnout”, da Gallup, funcionários sob forte estresse são 2,6 vezes mais propensos a procurar ativamente um novo emprego.
Nesse contexto, Vinicius Walsh, especialista em transição de carreiras e Diretor da Transite, explica que o estresse é sim um fator importante, mas não o único. ”De fato, a insatisfação com o emprego atual está muitas vezes atrelada à falta de condições adequadas para desempenhar um bom trabalho. Isso acaba refletindo em estresse, prejudicando a saúde mental do profissional. Contudo, é importante ressaltar que outros motivos devem ser considerados, como o senso de realização pessoal, busca por novos desafios e crescimento profissional, por exemplo”, comenta.
A pesquisa ”O Panorama da Transição de Carreira no Brasil”, do Infojobs em parceria com o RHPraVocê, realizada em sua maioria com pessoas entre 35 e 44 anos (28,4%) e na faixa dos 45 aos 60 anos (25%), detalha os principais motivos relatados por profissionais para a optarem por uma troca.
Entre os fatores citados para a mudança de carreira estão:
Desejo de crescer profissionalmente (49,2%);
Busca por mais qualidade de vida (32,2%);
Insatisfação profissional com a área anterior (25,3%);
Salários mais competitivos (23,2%);
O levantamento ainda destaca a insatisfação pessoal como outro fator relevante para 15% dos entrevistados. Ou seja, por mais que o estresse seja uma motivação considerável, ela não é a única. Dentre os motivos destacados na pesquisa, a justificativa pode recair em algumas necessidades emocionais e psicológicas como a busca por propósito, novos desafios, maior reconhecimento profissional, além da procura por um equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, que reflete na qualidade de vida.
O especialista destaca, contudo, que por mais que os motivos para a troca de área sejam válidos, é necessário se preparar bem. “Muitos fatores podem levar a uma transição. Inclusive, ela é mais comum antes dos 40 anos, apesar de haver um movimento crescente após os 50 anos. Considerando que uma mudança de carreira traz desafios, é importante se preparar e planejar bem a decisão. Ou seja, fazer um planejamento financeiro acerca da viabilidade do processo, além de procurar conhecer a área antes da troca. Uma recomendação é a procura por empregos temporários antes de efetivamente abandonar a área atual. Isso ajudará a entender se realmente a decisão é a mais assertiva”, explica Vinicius Walsh.
A pesquisa ainda aponta que o momento com maior intensidade de trocas está entre os 25 e 34 anos. Aqueles que conduziram uma mudança de maneira efetiva relatam satisfação, em especial com o aumento salarial (41,6%), maior capacitação (35,7%), melhora na qualidade de vida (35,5%), além do sentimento de maior valorização (32,2%).
Por outro lado, segundo o levantamento, mais da metade dos respondentes já fez o processo mais de uma vez, enquanto 40% realizaram de duas a três vezes. Ou seja, os dados mostram como a preparação é importante no processo, podendo ser o diferencial para superar obstáculos e evitar uma situação indesejada.