Tive a oportunidade de assistir dois eventos recentes em que foi discutida a criação da Agência Nacional de Segurança Cibernética (ANCIber). Integrantes do governo voltados para a área de Segurança da Informação defenderam a presença do órgão regulador, mas deixaram claro que esse apoio é só fachada. Pois todos temem perder poderes para ela e de forma sutil mandaram esse recado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. O GSI é o promotor da proposta da nova agência, que está embutida na Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber) e ainda terá de passar pelo Congresso Nacional na forma de um projeto de lei.
ANCiber II
As empresas privadas que são fornecedores ao governo de bens e serviços voltados para segurança da Informação também estão preocupadas quanto a possibilidade de a ANCiber se tornar numa espécie de certificadora de equipamentos e soluções, tal como a Anatel faz com as empresas desenvolvedoras e fabricantes do setor de Telecomunicações. E com certeza elas farão um lobby pesado no Congresso Nacional para esvaziar os poderes dessa nova agência, tornando-a num mero “tigre de papel”.
Os 60 da Dataprev
Circula nos corredores da Dataprev a informação de que a estatal pretende contratar temporariamente 60 profissionais de TI para a sua área de desenvolvimento. Não será via concurso, como deveria ser e dificilmente a empresa pagará os R$ 26 mil que esses cargos têm de teto salarial. Segundo pude apurar, a estatal precisa dessa turma para reforçar a sua área de desenvolvimento, já que a Dataprev virou o braço tecnológico e da Transformação Digital no Governo Lula. Quem contestar que a empresa está no comando da TI deste governo que me responda à seguinte pergunta: a sua estatal tem salinha exclusiva para a ministra da Gestão, Esther Dweck?
E tem mais 30 na Dataprev?
Nem mal publiquei a coluna e acabei de receber a informação de que outros 30 serão contratados temporariamente para a área de gestão, perfazendo um total de 90 que entrarão pela janela e sem concurso. Isso ainda vai dar confusão lá dentro.
Cientistas ceguinhos
Na última sexta (23) a presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Bonciani Nader (na foto de blusa preta), cobrou do MCTI maior “transparência na utilização dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), bem como dos demais fundos setoriais”. Helena e diretoria se reuniram com o secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luis Manoel Fernandes, na sede da Academia no Rio de Janeiro (na foto de paletó preto). Não entendi, já que a ABC faz parte do conselho que rege a destinação dos recursos do FNDCT.
Cientistas ceguinhos II
Esse povo vive reclamando de tudo, mas não fazem nem a metade do que lhes é obrigatório. Como a Academia Brasileira de Ciências pode cobrar do MCTI “mais transparência no FNDCT”, se ela define a liberação do dinheiro do fundo para diversos projetos, junto com outras entidades e o ministério? *É por essas e outras que o MCTI acabou financiando ampliação de fábrica da Taurus, num governo que prega o desarmamento. Onde estava a ABC quando isso ocorreu?
Subiu no telhado
Repararam como ninguém mais do governo fala em regulação das plataformas? O assunto ganhou o silêncio, depois que as bigtechs despejaram R$ 2 milhões em propaganda em veículos de comunicação contra o PL das Fake News (nº2.630). Até o relator, deputado Orlando Silva (PCdoB) deu uma aliviada na responsabilização das plataformas que estava prevista no texto que apresentou no início do ano. Muito barulho por nada.