O “planejamento estratégico” 2022 da Dataprev é a constatação do que este blog vem informando, que a situação administrativa da empresa não anda nada bem. Para se ter uma ideia, a estatal registrou de janeiro até março deste ano (o trimestre ainda nem fechou) um total de 1.134 “incidentes graves”, que paralisaram a prestação de serviços ao INSS. Deste total, 11 ainda estão com a situação “em aberto”. Esses “incidentes” ocorrem por conta de problemas no desenvolvimento do software, que contém erros de codificação. (clique na imagem para ampliar)
Isso vem travando diversos sistemas do INSS ao longo do expediente nos postos de atendimento, com prejuízos para o cidadão. A área de Desenvolvimento está sobrecarregada de serviços, que vem crescendo demandas após o governo acelerar o processo de transformação digital. E como a empresa não tem conseguido contratar terceirização para auxiliar no trabalho, o resultado final é o estrangulamento estatal.
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O presidente da Dataprev, Gustavo Canuto, correu para a grande imprensa para contestar as informações deste blog sobre a situação administrativa ruim que vem vivendo a estatal, enaltecendo os lucros obtidos no ano passado. Lucros obtidos justamente pela falta de ações que visem dotar a empresa de capacitação tecnológica para enfrentar os desafios futuros sob sua responsabilidade.
Dentro da Dataprev existem dois cenários políticos. O primeiro diz respeito às chefias. Ninguém quer comprometer seus CPFs em processos de compras de serviços necessários para a empresa, por temerem amanhã serem envolvidos escândalos de corrupção. Ninguém tem tomado decisões, cada chefia empurra para a outra a responsabilidade pela tomada de decisão e os superintendentes embromam o que podem para não assinar nada.
Internamente os funcionários avaliam que o presidente, Gustavo Canuto, para se manter no cargo, pois iria cair, acendeu uma vela para o Centrão e agora estaria impondo pressa em contratações destes serviços como forma de fazer caixa de campanha para seus apoiadores.
Outra versão coloca Canuto como vítima de uma “operação tartaruga” deflagrada pela presidente do Conselho de Administração, Christiane Edington, que foi ex-presidente da estatal, mas acabou obrigada a ceder a vaga para ele, numa recomposição política ministerial feita por Bolsonaro em 2020. Segundo a versão, sempre que pode ela interfere na administração da empresa.
Curioso é que o presidente da estatal tem se preocupado mais em fazer críticas à Diretoria de Tecnologia e Operações pela lerdeza administrativa da Dataprev, quando na realidade deveria questionar sobre os constantes problemas na área de Desenvolvimento. Vem de lá os problemas que acabaram gerando o mapinha de incidentes e que tem travando a prestação de serviços ao INSS.
*Seja qual for a versão, o fato é que Canuto não manda na empresa, tendo ou não o apoio político do Centrão, ou seja por conta da sabotagem da presidente do Conselho de Administração.