Depois de cem dias o Serpro continua esperando a nomeação de sua diretoria, um caso inédito num governo. A bronca da vez é com a suposta indicação para a Diretoria de Operações, do “mentor de startups”, Alberto Marcelo Parada, apontado como bolsonarista de carteirinha pelo PT Nacional.
Ao longo da semana passada, logo que o nome de Alberto Parada tornou-se público após ele visitar as dependências da regional do Serpro em São Paulo, os interessados nas diretorias da estatal pesquisaram o comportamento político dele nas redes sociais. Não acharam muita coisa já que Alberto apagou a maioria das suas postagens. Porém, alegam que acharam algumas coisinhas interessantes, como a imagem abaixo.
Em outubro de 2018 ele apontava a esquerda perdendo espaço político no país e afirmou que “faltava pouco para limpar o Brasil” com a eleição de Jair Bolsonaro para presidente. Curioso ver a indicação do nome de um candidato a diretor do Serpro, que se chegar a participar do Governo Lula, em 2018 torceu para o Brasil tornar-se “limpo” com o avanço da extrema-direita nas eleições gerais.
Alberto Parada certamente apagou a sua participação nas redes sociais em 2022. Procurado, não quis comentar o assunto, após duas tentativas do blog de estabelecer um contato com ele. Mas acabou deixando pistas sobre seu viés ideológico. No Twitter e no Instagram as suas páginas são datadas de outubro de 2022, o que pode significar que ele apagou os seus perfis anteriores para criar novos. Certamente fez e sem conteúdo político, já prevendo em 2022 uma derrota de Bolsonaro no segundo turno para Lula na disputa presidencial.
Entretanto, no Twitter, mesmo com zero seguidores, Alberto Marcelo Parada aparece seguindo dois perfis muito interessantes, considerando que tem o seu nome cotado para dirigir as operações do Serpro num governo supostamente petista: Jair Bolsonaro e a deputada Carla Zambelli.
República do Paraná
O mentor de startups, Alberto Marcelo Parada, além de professor universitário, trabalhou em algumas grandes empresas de TI como a IBM e a francesa Capgemini. Também trabalhou na CPM Braxis (subsidiária brasileira da empresa francesa), o que lhe confere credenciais suficientes para assumir a diretoria de Operações do Serpro.
Entretanto, sua postura ideológica atrapalha a eventual nomeação. E mesmo que seja nomeado, certamente contará com a pressão petista sobre a sua cabeça, como já ocorre com a do atual presidente da estatal, Alexandre Amorim.
Parada mantém laços de amizade com empresários no Paraná, cujo viés ideológico nada tem a ver com Lula ou o PT. No LinkedIn ele também apagou do seu perfil algumas postagens que havia “curtido” que envolviam a presença do presidente do Serpro, Alexandre Amorim e do ICI – Instituto de Cidades Inteligentes do Paraná. Numa delas ele cumprimenta o novo presidente do ICI, Maurício Pimentel, que substituiu Alexandre Amorim tão logo este virou presidente do Serpro. Amorim até ganhou plaquinha em homenagem à sua passagem pelo ICI.
Em outra postagem ele também curte Maurício Pimentel que está fotografado ao lado de um bolsonarista de carteirinha: o empresário e ex-presidente da Assespro Nacional, Luis Mário Luchetta (de paletó à direita). Que não por acaso, também é “Consultor de parcerias e mercado no ICI – Instituto das Cidades Inteligentes”. Luchetta já escreveu até artigo, no qual ele prega a “intervenção” da sociedade em diversas temáticas, como a possibilidade de revisão pelo Governo Lula da legislação trabalhista. Ou seja, sobre temas que interessariam as empresas do Paraná.
Onde está o PT?
Depende. Se for petista de São Paulo e vinculado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com passagem pela prefeitura de São Paulo ou Santo André, com certeza está fazendo vistas grossas para as nomeações do Centrão para o Serpro. Já o resto do PT nacional reclama diariamente dos vetos que vem recebendo nas indicações que faz. E esses vetos já se alastraram também pelo PDT, MDB e o PSB. Nenhum aliado até agora foi contemplado com cargos na TI federal.
Sem possibilidade de integrar o Governo Lula, petistas e demais aliados se desesperam com os rumos que o Serpro deverá tomar nos próximos anos. Aparentemente será uma estatal auxiliar da Dataprev na estratégia de governo digital traçada pelo Ministério da Gestão. Como Haddad simplesmente ignora a empresa que está sob o seu comando, quem vem articulando o futuro do Serpro é Esther Dweck, que já demonstrou sua predileção pela Dataprev e pelo “companheiro” petista de São Paulo, Rodrigo Assumpção, que começou sua “carreira” na TI da Prefeitura de Santo André.
O atual presidente do Serpro, Alexandre Amorim, somente está lá para abrir portas para a TI do Paraná na prestação de serviços ao governo federal, pouco se importando com o papel do Serpro na TI do Governo Lula. Os petistas irritados com a presença dele já falam que ele deverá levar a estatal para apoiar projetos e parcerias com o Instituto das Cidades Inteligentes (ICI) no Paraná, onde politicamente ele deseja fortalecer a presença do Centrão do prefeito e padrinho político, Rafael Greca.