
A capital federal mira um novo protagonismo: além de centro político do País, pretende firmar-se como o grande hub nacional de tecnologia e data centers da América Latina. A mensagem foi defendida pelo empresário do ramo imobiliário, Paulo Octávio, durante o 3º Brasília Summit, evento que reuniu autoridades, empresários e representantes do setor de tecnologia e inovação.
Segundo ele, o avanço tecnológico só terá sentido se estiver a serviço da coletividade. A ideia central é que inovação e infraestrutura digital sejam tratadas como ativos estratégicos, comparáveis ao papel do petróleo no século XX. Hoje, são os dados que movem economias e governos.
Estudos internacionais apontam que o mercado global de data centers deve ultrapassar US$ 340 bilhões até 2030. No Brasil, o setor já movimenta mais de R$ 20 bilhões em serviços de nuvem e consolida o País como líder latino-americano, concentrando mais de 50% da capacidade instalada de data centers da região.
Comparações com os Estados Unidos ajudam a dimensionar o desafio: polos como Virgínia, Califórnia e Texas respondem por mais de 35% da capacidade global de data centers. No Brasil, especialistas defendem que a combinação de posição geográfica estratégica, conectividade internacional e capital humano qualificado cria um ambiente favorável para expansão.
Brasília como polo estratégico
O Distrito Federal ocupa um lugar diferenciado nesse mapa, na avaliação de Paulo Octávio. Além de sediar os três Poderes da República, possui uma das maiores taxas de conectividade do País: mais de 94% dos domicílios estão conectados à internet, segundo o IBGE.
A cidade também abriga instituições de excelência em pesquisa e ensino, como a Universidade de Brasília (UnB) e centros federais, que somam mais de 150 mil universitários. O Parque Tecnológico Biotic desponta como polo de startups, enquanto a estabilidade energética e geográfica garante condições adequadas para abrigar operações de alta complexidade.
Brasília já concentra estruturas estratégicas de bancos, operadoras e do próprio governo federal, mas a ambição é ir além: transformar-se no epicentro da inovação tecnológica e irradiar conectividade para todo o País.
Três pilares para o futuro
Para atingir esse objetivo, três pilares foram apontados como fundamentais:
1 – Infraestrutura – expansão de cabos, energia e ambientes físicos seguros.
2 – Talentos – formação de programadores, engenheiros, cientistas de dados e especialistas em cibersegurança.
3 – Ambiente regulatório – segurança jurídica, incentivos fiscais e previsibilidade para investidores, inspirando-se em modelos de países como Irlanda e Singapura.
Visão de futuro
O empresário lembra que o espírito pioneiro marcou a construção de Brasília e volta a ser convocado. de acordo com ele, o ex-presidente Juscelino Kubitschek, ao idealizar a capital, falava em “avançar 50 anos em 5”.
“Agora, a proposta é construir 50 anos de inovação em 5 anos de ação coordenada entre governo, setor privado e academia”. afirmou.
Para ele, a expectativa é que o 3º Brasília Summit seja lembrado como um marco na consolidação da capital federal não apenas como centro político, mas também como capital da inovação, da tecnologia e dos data centers na América Latina.
“Brasília pode simbolizar a transição do Brasil para a economia digital, tornando-se referência internacional em inovação tecnológica. Temos conectividade, energia, inteligência e localização. O que precisamos é de estratégia clara e coordenação”, destacou Paulo Octávio na abertura evento.