
Enquanto o Ministério da Fazenda faz de tudo para fechar as contas, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação libera R$ 5 milhões, para serem gastos num “evento internacional” que não serve para absolutamente nada. E, como não poderia deixar de ser, o dinheiro está saindo do Orçamento Geral da União através de uma emenda parlamentar do único astronauta brasileiro e senador, Marcos Pontes (PL-SP), da tropa de choque bolsonarista no Senado Federal.
O beneficiário destes recursos é a “Associação de Exploradores Espaciais“ – uma organização composta por ex-astronautas que completaram pelo menos uma órbita terrestre no espaço. Não produziu nada de relevante pelo desenvolvimento da astronáutica mundial. Apenas livros de memórias das viagens espaciais dos seus membros.
Os recursos vão direto para a Softex, encarregada do projeto. Aquela “organização social sem fins lucrativos” criada para promover a “execelência do software”, que acabou de sofrer um “golpe de Estado” da ministra Luciana Santos, que colocou os seus apadrinhados políticos que são, em última instância, controlados por empresários da TI de Pernambuco.
O “Extrato de Fomento” foi publicado hoje (08) no Diário Oficial da União. E o objeto da liberação de recursos é um primor da desfaçatez: “Realização do “Evento internacional voltado à transformação digital, tendo a inteligência artificial como tema central e a presença inédita no Brasil de astronautas, cosmonautas e taikonautas (astronautas chineses) da Association of Space Explorers (ASE)”. Esse acordo de cooperação terá vigência até 5 de junho de 2026. Portanto, tem tempo para ser cancelado, se o bom senso neste país fosse regra e não a exceção.
“A iniciativa visa promover a integração entre ciência, tecnologia e educação, aproximando profissionais, pesquisadores, estudantes e o público em geral de temas estratégicos para o futuro da sociedade. Por meio de palestras, oficinas e atividades interativas, o evento estimulará o interesse pelas áreas de ciência e inovação, fortalecerá a cooperação internacional e contribuirá para a formação de uma cultura científica conectada às transformações digitais em curso. A experiência e a visão dos exploradores espaciais serão elementos-chave para inspirar uma nova geração de talentos e ampliar o acesso ao conhecimento científico e tecnológico”, informa ainda o objeto deste acordo, deixando claro que é o típico evento que saiu do nada e irá para lugar nenhum. Não será um divisor de águas, o país não dará nenhum salto tecnológico por conta dele.
Além disso, se fosse tão importante para o país, não seria o caso da AEB – Agência Espacial Brasileira estar à frente do projeto? Não, a agência sequer é citada no documento. Ficou nas mãos de uma organização social “sem fins lucrativos”, provavelmente porque as contas ficarão mais fáceis de serem “manipuladas”, caso o assunto chegue a chamar à atenção dos organismos de controle. Porém, este blog não acredita nessa hipótese. O risco disso vir a ocorrer é ZERO.
O acordo foi assinado pelo secretário de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital do MCTI, Henrique Miguel, e pela Softex o coordenador Financeiro Nelson Luiz Falseti e o ex- vice presidente da organização, Diones Lima, que acabou de ser ejetado do cargo pela ministra.
No comparativo com outros projetos de interesse do governo, por exemplo, os R$ 5 milhões destinados pelo senador/astronauta Marcos Pontes para um evento de uma associação de ex-astronautas, da qual participa como membro, representam aproximadamente 68,66% do orçamento de R$ 7.281.572 que está previsto para o Centro Espacial de Alcântara (CEA) no Projeto de Lei Orçamentária para 2026, ainda em análise no Congresso Nacional.
Desse jeito o Brasil vai literalmente para o espaço.







