ABIPIT pede para ser ouvida em nome da pesquisa e o desenvolvimento do Brasil

Ao participar na última terça-feira (27) da audiência pública virtual promovida pelo grupo de trabalho da Câmara dos Deputados, o presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI), Paulo Foina, disse que, embora os Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs), movimentem cerca de R$ 3 bilhões por ano em investimentos em P&D, a grande maioria deles não são conhecidos, com raras exceções, pela sociedade brasileira.

“Nós somos reconhecidamente as organizações mais desconhecidas no país e isto parece um contrassenso, uma vez que a gente atua de maneira muito intensiva no desenvolvimento tecnológico do Brasil, mas não aparecemos porque, de fato, são as indústrias que nos contratam para desenvolver seus produtos e colocam suas marcas”, destacou.

Para exemplificar o tamanho da força dos ICTs, Foina apresentou um slide que traz números expressivos sobre a importância dos institutos para o desenvolvimento tecnológico brasileiro, o que revela, também, o paradoxo entre fazer e ser reconhecidos.

“Para se ter ideia do tamanho da nossa força, nós temos mais de 20 mil pesquisadores, engenheiros (dados de 2020), mais de 300 no país inteiro e desenvolvemos uma série de resultados expressivos, entre eles, nas áreas de agricultura, vacinas, projetos de equipamentos de saúde, telecomunicações, automobilísticos, mobilidade urbana, etc”, frisou.

5G/OpenRAN

De acordo com Paulo Foina, a tecnologia 5G é mais que uma evolução da 4G. Ela trará ainda mais velocidade para downloads e uploads, cobertura mais ampla e conexões mais estáveis

“A tecnologia 5G permite maior velocidade, menor tempo e maior capacidade para download, menor latência, que corresponde o tempo ao enviar uma mensagem de um celular para outro, maior alcance, o que possibilita levar telefonia celular para o campo e uma capacidade de atender um número maior de usuários”, pontuou.

Para o presidente da Abipti, a contribuição dos ICTs na implantação da tecnologia 5G se dará, entre outras, através da participação do esforço Open Radio Acess Networks (OpenRAN), que é a construção de redes de telefonia celular.

“O OpenRAN é uma rede de telefonia celular onde você pode compor elementos e equipamentos de vários fabricantes, não apenas de um único fabricante. Há um protocolo universal e bem definido entre os componentes que permitem essa mixagem de equipamentos, que dá flexibilidade para quem compra”, explicou Foina.

Foina enumerou, ainda, outras contribuições dos ICTs na aplicação da tecnologia 5G como, desenvolvimento de componentes para rede 5G; a disponibilidade de laboratórios de ensaios e testes de componentes de 5G; apoio na elaboração de norma técnicas e metodologias de projeto, capacitações de pessoas em tecnologia 5g e em gestão de redes; e desenvolvimento de aplicações que exploram os recursos de 5G.

Ele apontou, também, sugestões estratégicas para a implantação da tecnologia 5G, dentre elas, engajamento no esforço global OpenRAN para dar independência de fornecedores, incentivo para desenvolvimento local de elementos críticos da rede (segurança e sigilo), foco em aplicações de impactos social locais (saúde, segurança, mobilidade urbana etc.), incentivo a startups com soluções inovadoras usando rede 5G, e programa de capacitação técnica em 5G.

Participaram do debate: o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Igor Nogueira Calvet; o vice-diretor de Telecomunicações da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Aluzio Bretas Byrro; e o presidente do Conselho Empresarial Brasil-China e ex-embaixador do Brasil na China, Luiz Augusto de Castro Neves.

“Nós fazemos essa ponte já que os dois universos, indústria e universidades, são muito díspares, desconectados, então, nós fazemos essa liga entre uma demanda da indústria e vamos buscar soluções nos centros de pesquisa acadêmicos”, finalizou.