Uma única alma resolveu se manifestar no “mundo proprietário”, ao post que fiz com relação à pesquisa que a ABES divulgou sobre a influência do Software Livre no Brasil.
Considerei importante os posicionamentos do leitor, embora não concorde com algumas questões. Mesmo assim, vale o registro dentro do Blog e não apenas na área de comentários onde foi aprovada.
*Até segunda-feira se algum representante do “mundo livre” resolver enfrentar esse debate também publicarei no Blog. Caso contrário, responderei como autor. Segue a íntegra:
Queiroz
Já que abriu o assunto para discussão, que ao menos ela seja dentro do contexto e imparcial, a começar pelo fato de que a Microsoft, assim como outras multinacionais da área de TI que inclusive contribuem e mantem projetos open source, é uma das centenas de associadas da ABES como voz e voto de mesmo peso que as demais. Sendo diversas delas empresas de micro, pequeno e grande porte com operação voltada para o mercado nacional e algumas já exportando para outros países.
Como sócio de uma pequena empresa com mais de 19 anos de ‘sobrevivência’ no Brasil e associado a ABES a mais de 14, gerando empregos, pagando meus impostos e conhecendo as ações da entidade como conheço é no minimo descabido ler insinuações de que a ABES defende apenas um ou outro associado e não os interesses de toda a categoria.
Cabe frisar aqui que mesmo aquelas associadas cujas sedes não se encontram no Brasil estão registradas sob um cnpj, e atuam no mercado brasileiro gerando emprego e impostos aqui, não podendo ser discriminadas pela origem do seu capital.
Quanto ao estudo em questão ele é produzido desde 2005 e sempre são publicados os números macro como informação ao mercado em geral e traçando algumas tendências para o futuro, a metodologia adotada pelo IDC para a produção e consolidação desse número esta devidamente documentada ao final da pesquisa e se após a leitura ficar alguma duvida sobre a seriedade do mesmo sugiro uma consulta direto a entidade.
A pesquisa começou a contemplar também software open source em 2009 pela relevância que o mesmo passou a ter não só para o mercado como também para os associados ABES, acredite se quiser mas 100% dos associados ABES vivem no mundo real.
Sobre a informação de crescimento de uso na plataforma questionada pelo artigo, é parte do estudo e indica claramente o crescimento da utilização do open source “na plataforma” de um ano para o outro, matemática simples mas exemplificando apenas para o primeiro item com valores hipotéticos: 2009 = x = 100, 2010 = y = 124 => ( y – x ) * 100 / x, e chegamos ao número publicado.
Quanto a eventuais preocupações com as politicas governamentais para adoção de open source elas realmente existem e deveriam ser preocupação para outras pessoas interessadas no desenvolvimento da ti brasileira, utilizar dinheiro e recursos públicos para criar software e colocar a disposição de terceiros é fazer caridade com o bolso alheio, além de concorrência desleal com as empresas aqui estabelecidas.
Direcionar uma concorrência para um tipo de software e não para obter a melhor solução para o problema a ser resolvido pode não ser ilegal, mas é no minimo imoral. Impor que o vencedor de uma concorrência abra seus fontes sem querer pagar o preço justo por isso, como já vi em alguns editais, dentro da ética minima tem um nome e não é muito bonito.
A qualidade do profissional e do software brasileiro realmente é de alto nível, e esse nível de desenvolvimento se deve tanto ao software open source quanto ao proprietário, cada um tem seus méritos e lugar. O questionável é a forma como o assunto é tratado.
Reinaldo Neves
Diretor Equação Informática
Associado ABES