A farra de Marcos Pontes e equipe em Dubai

Entre os dias 14 e 31 de outubro (alguns ficam integralmente este período, outros não), o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, o astronauta Marcos Pontes, estará participando da “Expo Dubai 2020”, do “Space for Women Expert Meeting”, além do 72º Congresso Internacional de Astronáutica (IAC). Para tanto, Pontes levará uma comitiva de 16 secretários, assessores e diretores da Agência Espacial Brasileira (AEB) e supostamente do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Por enquanto essa é a relação visível, que já saiu no Diário Oficial da União. Assim mesmo saiu à conta-gotas para não dar na pinta do tamanho da comitiva.

A Agência Espacial Brasileira (AEB) mandará os seguintes integrantes:

  • CARLOS AUGUSTO TEIXEIRA DE MOURA – Presidente;
  • LETÍCIA VILANI MOROSINO – Chefe de Gabinete;
  • JOÃO SÉRGIO BESERRA DE LIMA – Analista em Ciência e Tecnologia;
  • ALUÍSIO VIVEIROS CAMARGO – Diretor de Planejamento, Orçamento e Administração;
  • PRISCILLA NOGUEIRA CAVALCANTE PACHECO – Assessora Técnica da Diretoria de Planejamento, Orçamento e Administração;
  • DANIELA FERREIRA MIRANDA – Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional;
  • ANDRÉ LUÍS BARRETO PAES – Chefe da Assessoria de Ralações Institucionais e Comunicação;
  • HERBERT KIMURA – Diretor de Inteligência Estratégica e Novos Negócios;
  • LÚCIA HELENA MICHELS FREITAS – Assessora Técnica da Diretoria de Inteligência Estratégica e Novos Negócios; e
  • CRISTIANO AUGUSTO TREIN – Diretor de Governança do Setor Espacial.

Pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, além de Marcos Pontes, também irão para Dubai:

  • CARLOS ROGÉRIO ANTUNES DA SILVA – Diretor do Departamento de Articulação e Comunicação;
  • ODJAIR NASCIMENTO BAENA – Assessor;
  • PAULO CESAR REZENDE DE CARVALHO ALVIM – Secretário de Empreendedorismo e Inovação;
  • SERGIO FREITAS DE ALMEIDA – Secretário-Executivo;
  • CHRISTIANE GONÇALVES CORRÊA – Secretária de Articulação e Promoção da Ciência; e
  • RICARDO CESAR MANGRICH – Assessor Especial do Ministro.

No caso da sócia e secretária de “Articulação e Promoção da Ciência”, Cristiane Gonçalves, sua autorização de afastamento do país saiu escondida numa outra autorização feita por Marcos Pontes para um funcionário da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Que está seguindo para Genebra, na Suíça, onde participará de reuniões e visitas técnicas de projetos realizados com organismos internacionais do setor de energia nuclear. Ou seja, nada a ver com a farra de Dubai.

Qual o custo disso?

Ainda não sabemos, mas pedidos de informações para a Agência Espacial Brasileira e para o MCTI, além da APEX (Agência de Promoção das Exportações) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), com base na Lei de Acesso à Informação, já estão sendo encaminhados para os órgãos. No caso da APEX foi feito pedido de esclarecimentos sobre quanto está sendo gasto com o pavilhão brasileiro em Dubai e quantos funcionários estão sendo deslocados para lá, com diárias, passagens, hospedagens e período de estadia naquela cidade dos Emirados Árabes.

O que o Brasil pretende fazer nesses eventos?

Na Expo Dubai 2020 o Brasil já teve sua primeira participação no sábado (02), quando o vice-presidente, Amilton Mourão, realizou uma palestra e defendeu a proteção ambiental, além do papel do Conselho da Amazônia e a importância do desenvolvimento sustentável na região. E pediu dinheiro aos organismos internacionais ao comentar que o governo brasileiro necessita de engajamento do setor privado e de países aliados. Que seria uma “compensação monetária estimada em US$ 10 bilhões (cerca de R$ 53,6 bilhões na cotação atual) ao ano.

Fora isso, os demais eventos: “Space for Women” e 72º Congresso Internacional de Astronáutica (IAC), a serem realizados simultaneamente ao Expo Dubai 2020, carecem de informações claras sobre o papel brasileiro. Neste momento sabe-se apenas que a participação será pífia, que está mais para turismo pago pelo contribuinte, do que efetivamente haverá alguma ação concreta do governo brasileiro.

Por exemplo: o “Space for Women”, será um evento que tem como objetivo central reunir “especialistas do espaço para mulheres: iniciativas, desafios e oportunidades para mulheres no espaço”. É de se questionar o que 11 integrantes desta comitiva de 16 pessoas, todos homens, entenderiam por “empoderamento feminino no espaço”. Os temas a serem debatidos são:

  • Aumentar a conscientização sobre o papel das mulheres no avanço das ciências espaciais, tecnologias, aplicações e exploração espacial;
  • Identificar as principais  iniciativas, desafios e oportunidades para as mulheres no setor aeroespacial;
  • Aumentar a participação  das mulheres nas carreiras aeroespaciais   em termos do número de mulheres nas organizações do setor e principalmente em termos de acessibilidade a cargos de liderança ;
  • Promover a discussão  sobre como as tecnologias e aplicações espaciais podem ajudar mulheres e meninas a superar as atuais estruturas de desigualdade de gênero, promovendo o empoderamento e a inclusão;
  • Modelos atuais de mulheres que podem servir de inspiração para jovens e meninas em sua busca por carreiras no setor aeroespacial;
  • Use lentes sensíveis ao gênero para observar os efeitos de atitudes e gestos institucionalizados  que refletem políticas muitas vezes legitimadas em termos de características masculinas, contribuindo para a percepção da inautenticidade das vozes das mulheres em questões de formulação de políticas no setor aeroespacial; e
  • Discuta como as  iniciativas de capacitação podem ajudar a atingir os objetivos e metas propostas.

Também ficam as seguintes perguntas: Que iniciativas foram feitas até agora pela AEB para levar uma mulher brasileira, uma cientista ao espaço? Temos cientistas mulheres sendo preparadas para isso?

Outra questão: alguém pode explicar o que a secretária de Articulação e Promoção da Ciência Cristiane Gonçalves entende de espaço, além do fato dela ser “sócia” de Marcos Pontes?

72º Congresso Internacional de Astronáutica (IAC) e do IAC Host Summit

Neste evento que ocorrerá no mesmo período da Expo Dubai, a comitiva de Marcos Pontes pretende colocar o Brasil “na disputa para sediar maior evento mundial do setor espacial”: o Congresso Internacional de Astronáutica – 2024.

Parem para pensar: o Brasil, que não lançou nenhum foguete ao espaço, não tem mais sequer uma base, já que alugou para os norte-americanos a de Alcântara (MA), quer sediar um evento de astronáutica.

O mesmo Brasil que até hoje teve um único astronauta. Não por acaso, Marcos Pontes, que ninguém sabe exatamente os resultado das suas pesquisas com feijão na estação espacial internacional. Que saíram ao custo de U$ 10 milhões.

*Este blog irá aguardar futuramente o retorno ao Brasil de tão pomposa comitiva, para também pedir através da Lei de Acesso à Informação os relatórios de viagens de cada um dos integrantes da “Missão Dubai”. Vamos saber quem fez o quê durante os 15 dias de viagens aos Emirados Árabes.

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