
Por Jeovani Salomão*
Não raro as pessoas comentam sobre os meus livros, em especial, aquelas mais próximas ou as que ficam surpresas com o título da primeira obra, “O Futuro é Analógico”. Sendo eu da tecnologia, normal seria dizer o oposto. Quem leu o livro, ou trechos, sabe que minha principal mensagem é encontrar formas de a tecnologia se voltar, em definitivo, para beneficiar o ser humano.
A missão é complexa, posto que o avanço digital, por um lado, catalisa aspectos sombrios da humanidade. Há uma verdadeira corrida entre países e blocos, ora estruturados geograficamente – caso da Europa ou do Mercosul – ora por interesses comuns – caso dos BRICS – em torno da liderança econômica e bélica mundial. No campo comercial, as bigtechs já dominam o topo da lista mais valiosas empresas mundiais e não há qualquer indício de que esse cenário vá se modificar. (vide anexo)
Infelizmente, movimentos generosos, éticos, inclusivos não têm caracterizado a maioria das disputas por poder mencionadas acima. A competição está superando a cooperação. Isso leva a um risco de polarização, concentração de riquezas e, pensando distopicamente, em um aumento da probabilidade de uma sociedade integralmente digital, com as máquinas dominando os homens e o planeta, como em tantas ficções.
Recentemente, no entanto, tive um insight que trouxe ainda mais esperança para o meu já otimista jeito de ser. Tudo começou com uma pessoa, até então desconhecida, fazendo uma afirmação categórica: “O futuro não pode ser analógico!”. É um pensamento lógico e correto, considerando os avanços da tecnologia em nossas vidas. O futuro será cada vez mais impregnado pelo digital. Minha tese, como sabem todos os leitores que já tiveram a oportunidade de ler algum dos meus livros, não se opõe a digitalização, mas sim coloca luzes para que as modernizações tenham como objetivo melhorar a vida das pessoas. Somos analógicos e o futuro precisa nos pertencer, com mais equilíbrio, oportunidades, acessos à educação, saúde, segurança e alimentação.
No livro, O Fim da Infância, de Arthur Clarke, publicado pela primeira vez em 1953, nós, seres humanos, temos contato com uma raça alienígena. Evitando os spoilers, basta dizer que houve um acordo no qual a dita raça iria prover todo o sustento do planeta, desde energia, alimentação, geração de riqueza e renda, de forma que a população poderia se dedicar exclusivamente aos seus sonhos pessoais, como se devotar a família, a seus passatempos, estudos, viajar, praticar esportes, ler, assistir o que quisesse, ir a shows, todos gratuitos, e assim por diante. Caso a tecnologia possa prover isso, de forma equânime, então que o mundo seja digital na produção, mas em resultado em prol do social.
O insight que tive, que decorre da afirmação feita e pelo fato da autora ser inspiradora, requer um debate inicial sobre a definição do que é digital e do que é analógico. Em uma busca pela Internet, muitos associam “digital” a computadores, como acontece com o dicionário Cambridge. No entanto, para mim, uma explicação melhor se relaciona ao que é possível de se representar, processar, armazenar, transmitir ou comunicar com unidades discretas (como o comum “0” ou “1” dos computadores).
Por sua vez, o que é analógico não pode ser representado por zeros e uns! Depende de variações contínuas. para os físicos, estamos falando de voltagem, da corrente elétrica, da luz e do movimento, para mim, no entanto, estamos falando de amor, ternura, acolhimento, beleza e, portanto, estamos nos referindo a gente!
Um dos campos de estudo que mais tem atraído investimentos, e a mídia, tem sido a Inteligência Artificial – IA. É uma disciplina mais antiga do que aparenta ser, tanto que nos idos de universidade, a IA era uma das alternativas de mestrado que avaliei. Talvez, se a tivesse escolhido em detrimento à Pesquisa Operacional, eu tivesse conseguido concluir o curso. Além disso, Asimov já publicava sobre o tema desde 1940 (estreando no conto Robbie).
O momento atual coloca a IA em evidência, porque estamos convivendo com ela de maneira cada vez mais cotidiana. O sucesso das IA generativas, ou seja, aquelas capazes de criar conteúdos originais, como o ChatGPT, é tamanho, que tais engines estão sendo utilizadas para uma diversidade imensa de finalidades, algumas, inclusive, assustadoras. Há quem as use como psicólogo, médico, advogado e até como namorado.
O salto em desenvolvimento recente da inteligência artificial deve-se, especialmente, a três fatores: poder computacional, o acúmulo massivo de dados digitais gerados por internet, redes sociais e sensores, e o aperfeiçoamento dos algoritmos de aprendizado profundo (deep learning). Apesar das bases teóricas já estarem disponíveis no século XX, nenhum desses fatores estava disponível.
Mas lembrem-se que o nome, inteligência artificial, decorre justamente da tentativa de imitar a inteligência humana. Em resumo, os maiores avanços digitais estão em busca de se equiparar ao analógico! Esse é um insight que tem poder para modificar o debate inteiro.
Há diversos autores discutindo o tema, como descobri em pesquisa recente, embora ainda não tenha me aprofundado nas leituras, motivo pelo qual, prefiro não citar os escritos. Adicione-se ao insight, a cada vez mais próxima integração homem-máquina, onde componentes analógicos, digitais e digitais-imitando-analógicos atuarão juntos.
Por que isso eleva minha esperança em um futuro melhor? Porque a compreensão do ser humano só pode ocorrer pelo pensamento analógico e somente é possível prover soluções quando existe compreensão. Se o digital conseguir imitar o pensamento humano, temos mais de uma chance de sucesso. Exatamente por isso, quero afirmar com um alto grau de certeza: Dra. Laura, o futuro pode sim ser analógico!
Empresas Mais Valiosas do Mundo – Revisão 2025
Posição Empresa Valor de Mercado (USD)
1 NVIDIA Corporation ≈ US$ 4,9–5,0 trilhões
2 Apple Inc. ≈ US$ 3,9–4,0 trilhões
3 Microsoft Corporation ≈ US$ 3,8–3,85 trilhões
4 Alphabet Inc. ≈ US$ 3,1–3,4 trilhões
5 Amazon.com, Inc. ≈ US$ 2,3–2,6 trilhões
6 Meta Platforms, Inc. ≈ US$ 1,6–1,85 trilhões
7 Broadcom Inc. ≈ US$ 1,67–1,7 trilhões
8 Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) ≈ US$ 1,53–1,6 trilhões
9 Tesla, Inc. ≈ US$ 1,5–1,52 trilhões
10 Berkshire Hathaway Inc. ≈ US$ 1,0–1,06 trilhão
*Valores aproximados em USD. Fonte: consolidação de rankings financeiros de outubro/novembro de 2025.
Fontes Consultadas
- Wikipedia – List of public corporations by market capitalization: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_public_corporations_by_market_capitalization
- Investopedia – Biggest Companies in the World by Market Cap: https://www.investopedia.com/biggest-companies-in-the-world-by-market-cap-5212784
- The Motley Fool – Largest Companies by Market Cap (2025 update): https://www.fool.com/research/largest-companies-by-market-cap/
- Visual Capitalist – The 50 Most Valuable Companies in the World (Oct 2025): https://www.visualcapitalist.com/ranked-the-worlds-50-most-valuable-companies-in-october-2025/
- AlphaSense – Largest Companies by Market Cap (Real-time data): https://www.alpha-sense.com/largest-companies-by-market-cap/
- Forbes India – Top 10 Largest Companies in the World by Market Cap: https://www.forbesindia.com/article/explainers/top-10-largest-companies-world-market-cap/86341/1
- AP News – Nvidia becomes world’s most valuable company (2025): https://apnews.com/article/2579fbc39a8e0107db3912bc7ba9a256
- CompaniesMarketCap – Real-time global company rankings: https://companiesmarketcap.com/
*Jeovani Salomão – CEO do AYO Group – Presidente da Memora -lEscritor dos Livros “O Futuro é analógico” e “Na Velocidade da Tecnologia” – Conselheiro do CDESS da Presidência da República e do Sicoob Empresarial – Vice-Presidente Centro Oeste da ABES.







