
O ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, deixou claro hoje (09), que o governo não pretende perder a janela de investimentos que vem sendo aberta em todo o mundo e visa garantir, até o fim de 2026, um aumento da infraestrutura de conectividade e do processamento em grande escala de dados. Os números apresentados por ele reforçam o otimismo do governo de que está trilhando o caminho certo. Os investimentos do setor de telecomunicações no Brasil cresceram 16,3% em agosto, somando R$ 2,74 bilhões em um único mês. No acumulado de janeiro a agosto de 2025, o montante já ultrapassa R$ 25,3 bilhões, com crescimento de 10% frente ao mesmo período de 2024.
“Esses resultados refletem a confiança internacional no Brasil e a consolidação de um ambiente regulatório previsível, com foco em benefícios diretos à população”, afirmou o ministro, ao enfatizar que a inclusão digital e o desenvolvimento sustentável são os pilares da estratégia.
Frederico abriu pela manhã o Workshop Internacional de Cabos Submarinos e Data Centers, promovido pela sua pasta. O evento contará ao longo do dia com a exposição de diversos palestrantes, entre eles, os convidados internacionais: Sonia Jorge, fundadora e diretora executiva da Global Digital Inclusion Partnership (GDIP); Luis Guillermo Alarcón, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); e Robert Clark, representante da Meta. O evento também contou com representantes da Anatel e da Telebras.
Cabos submarinos e infraestrutura crítica
Durante o discurso de abertura, o ministro das Comunicações destacou que 99% do tráfego internacional de dados do Brasil depende de cabos submarinos, muitos deles em operação há mais de uma década e concentrados entre o Nordeste e o Sudeste. “Esses cabos têm vida útil e precisarão ser substituídos nos próximos anos. É fundamental definirmos as novas tecnologias e a capacidade da indústria nacional de participar desse processo”, afirmou Frederico de Siqueira Filho.
Segundo ele, a expectativa do workshop que se realiza hoje é colher mais contribuições para o Ministério das Comunicações concluir um documento, no qual todos os participantes terão o seu papel definido numa política pública de Estado. “A gente sabe os interesses dos estados da costa do Brasil com relação a esse tema, a gente vem ouvindo quais são os diferenciais competitivos e em que momento cada Estado está, para poder direcionar um programa em função da necessidade de cada um e de um momento em que cada um está”, destacou.
Inclusão digital
Além da infraestrutura, o ministro destacou a dimensão social das políticas digitais que já estão em andamento em todo o país. Frederico disse que um novo Plano Nacional de Inclusão Digital pretende conectar escolas, assentamentos rurais, comunidades ribeirinhas e quilombolas, além de pontos de cultura e inovação.
O programa Escolas Conectadas, por exemplo, já possui orçamento definido e deve servir de base para a expansão da rede pública. Vem sendo executado pela EACE – Entidade Administradora da Conectividade Escolar, criada após o leilão do 5G para obrigar as operadoras móveis a investirem em novas redes, em troca do preço mais barato das licenças que adquiriram em leilão para a exploração do serviço em todo o país.
“Hoje existe um programa que é o das escolas, já tem o seu orçamento, já tem a sua estrutura, mas a gente também precisa conectar assentamento rural, os pontos de cultura digital, as áreas ribeirinhas, as áreas quilombolas. Tem muita gente que ainda não tem acesso, e esse é o desafio (…), de pensar a inclusão digital dos próximos dez anos, definindo onde precisamos chegar e quais tecnologias serão mais adequadas — fibra óptica, satélite ou outras soluções híbridas”, explicou o ministro.
Política nacional de data centers
Já com relação à Política Nacional de Data Centers, cuja consulta pública permanece aberta até 15 de outubro, Frederico disse que o governo recebeu mais de 700 contribuições de associações, universidades, empresas e cidadãos. Seguno ele, todo esse interesse é o claro sinal de que o mercado cobra do governo uma política que vise o crescimento de uma estrutura robusta, que assegure o processamento e o armazenamento de dados — impulsionado por inteligência artificial, serviços digitais e pela reforma tributária,
“O Brasil vive uma grande transformação digital. Estamos diante de um aumento exponencial do volume de dados sensíveis, e precisamos de políticas que assegurem segurança jurídica e infraestrutura crítica para esse novo ciclo”, afirmou o ministro.