Serpro e o “Pequeno Príncipe”

Recebi um vídeo de uma fonte, no qual o presidente do Serpro, Alexandre Amorim, conversa em torno de uma hora e dezesseis minutos (aproximadamente), com o corpo funcional na sede da estatal em Brasília. E por meio de videoconferência com as demais unidades da empresa. O evento foi denominado: “papo360º”.

Fiquei tentado a publicar os melhores momentos, pois ali estava sendo tratada toda a estratégia da empresa para nuvem; mudanças no organograma; a relação com o seu principal cliente (Receita Federal) e ainda foi apresentada a visão de Amorim sobre como a estatal deverá se comportar nos próximos anos para poder sobreviver no mercado público e privado de TI.

Por questões éticas decidi não revelar essas informações. Esse conteúdo expõe o atual pensamento da diretoria da empresa sobre diversos assuntos; a estratégia dela seria revelada ao mercado sem nenhum filtro que pudesse evitar.

Foi bom conhecer o que vem sendo discutido nas entranhas do Serpro. Só não irei além disso. Tenho um carinho especial pela empresa e seus funcionários. No entanto vou revelar apenas um episódio ocorrido logo no começo dessa reunião porque eu achei, digamos, hilário.

Alexandre Amorim começou o encontro tentando descontrair o ambiente, comentando sobre as vestimentas de alguns funcionários que estariam trajados para uma festa caipira realizada na estatal.

Depois fez a sua “autodescrição”, se dizendo estar agora “monocromático” e seguindo “uma paleta de cores” nas vestimentas. O ponto alto foi quando anunciou que estava usando “meias do Pequeno Principe”, porque sempre as escolhia para ocasiões especiais, como este encontro com os funcionários, por exemplo.

Explicou que essa preocupação de escolher a meia certa para a ocasião certa, veio da memória de um jantar que teve com casal amigo, no qual o “pequeno Príncipe” foi lembrado. Dá para imaginar a chatice desse jantar, mas Amorim foi em frente e lascou na platéia a célebre frase de Antoine de Saint-Exupéry: “Tu te tornas reponsável por aquilo que cativas”.

Esse negócio de autodescrição parece ter virado moda em determinados eventos de governo, quando autoridades falam o óbvio sobre si, ressaltando aquilo que é visível aos olhos dos interlocutores, a não ser que eles sejam cegos. Mas não me consta que exista algum no corpo funcional do Serpro. Pelo menos não tenho conhecimento. Pena que os governistas sempre se esquecem de aprofundar a autodescrição e deixam de falar sobre aquilo que está mergulhado em sua persona, oculto na zona cinzenta do ser.

E aí, Amorim, não basta descrever seu rostinho bonito; tem de abrir a alma também, viu?

Até me lembrei dos tempos de Psicologia Analítica na UnB (fiz somente para ganhar créditos hehehe), quando aprendi com Jung que a persona é a máscara projetada para causar uma impressão definitiva sobre os outros, enquanto se dissimula a verdadeira natureza humana do indivíduo.

*Foi Lindo.