Por João Risoléo* – A Inteligência Artificial está cada vez mais presente na indústria da moda, ao passo que o processo de desenvolvimento de uma coleção é moroso e complexo. Organizar opiniões, pesquisas, dados históricos e de mercado, embora não seja tarefa fácil, traz acuracidade e, sobretudo, previsão de tendências ao estoque. Logo, para a validação de um produto e, consequentemente, o lançamento de uma coleção assertiva, inúmeras informações devem ser levadas em consideração.
Segundo uma pesquisa realizada pela Qualibest, instituto de pesquisas online, 82% dos consumidores planejam bem as compras de vestuário antes mesmo de consumá-las. O levantamento mapeou os novos padrões de comportamento de consumo do varejo de moda, identificando assim possíveis diferenças na conduta do cliente no pagamento das compras em canais físicos e digitais, e ressaltou a importância da omnicanalidade para as operações modernas.
Hoje, a grande mina de ouro que indica o sucesso da coleção, é a opinião de especialistas em produtos. Isto é, times que entendem o perfil da marca, o cliente, quais produtos são vendidos em cada praça e, principalmente, a identidade e a proposta da empresa. Aliado a isso, o ponto de vista dos consumidores finais é o que chamamos de “cereja do bolo”, afinal são eles que detém o poder de compra.
Porém, conquistar todos os dados relevantes, ponderar os resultados, organizar os pesos de cada um dos votantes ou clusters, não é uma tarefa fácil e muito menos corriqueira no mercado de varejo de moda nacional. Aliás, é possível afirmar que esta é uma das principais dores deste segmento, uma vez que na maioria das vezes, essas informações são colhidas de forma desestruturada e sem padronização, dificultando assim a compilação e a chegada ao resultado final com qualidade.
As IAs estão entrando para valer no mundo da moda! Quer seja para capturar dados de mercado, para estruturar dados de performance de vendas, gerar insights a partir de opiniões de clientes, ou até mesmo para ajudar o consumidor final na tomada de decisão.
Mas é importante se atentar! Assim como nossa avó já dizia que nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que diz que é IA possui tecnologias para tal. Tome muito cuidado para não se deixar levar apenas para “seguir a moda” da IA. Assim como tenho plena convicção que a IA não será capaz de substituir aquilo que torna o ser humano imbatível: A criatividade de pensar fora da caixa, traduzindo o intangível.
Mas, como tudo na vida, a IA pode, na tomada de decisão de produtos, encurtar o cerco para que nós, humanos, possamos usar toda a nossa criatividade dentro de determinados padrões estatísticos.
Ainda há muitos desafios em nosso mercado, principalmente em relação a velocidade da cadeia produtiva para atender a volúpia das tendências e mudanças constantes.
Fato que torna o desafio de sair do Planejamento Empurrado, para o Planejamento Puxado, ainda maior!
Pense nisso!
*João Risoléo é CEO da uMode, startup que oferece soluções para Marcas de Moda com o objetivo de aumentar o impacto e a disrupção na forma de se vender produtos em escala, com menos sobras, mais margem e menos estoque. Atuando há mais de 15 anos com moda, João é empreendedor há 10 anos e investidor-anjo. Inclusive, realizou o exit da CrossX.